quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Até breve

Agora vou ali,
e já volto!

Que o ANO NOVO traga, a cada um, o que ficou por fazer, por dizer, por Viver. E também o que ficou por sonhar, para que haja sempre expectativa e esperança.
Até dia 4 de Janeiro.

Rescaldo

Natal: nascendo o esquecimento

Sentada na mesa farta, farto-me de pensar. Não se faz luz nos castiçais da memória.
Decoro as cobiçosas entradas sobre a mesa, desadornando as saídas da minha mente.
Os meus pensamentos voam como borboletas poisando no fulgir da árvore matizada. Deslizo no brilho das bolas e na imponência das fitas. Esqueci-me de uma fita no presente da minha mãe.
No meu presente, não esqueço o maravilhoso laço que nos liga. Acho que passará bem sem fitas!
Destaco a fita-cola de cada um dos papéis que envolvem os meus presentes. Que tenho eu para dar? Terá valor o que tenho para oferecer?
Embrulhei-me na azáfama, vendo o tempo sempre a escassear. A venda do consumo consumia-me os olhos. Vendo bem, estaria eu a vender-me?
Comprei o que pensei que faria as pessoas felizes. Fugaz felicidade em saquinhos.
Em cada saquinho estava uma prenda, mas isso não faz de mim prendada.
Não se prendam com o que digo. Muitas pessoas se alegram hoje, embora dando importância a diferentes conteúdos.
Eu apenas acho que me esqueci de alguma coisa… Não havia alguém que fazia anos hoje?

Nota: Encontrado aqui, onde as palavras são escolhidas a dedo e misturadas com sabedoria e talento.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

A compasso

(Astor Piazzolla)

A vida, às vezes, é um tango de passos marcados. Só nos resta dançá-lo, acertando o compasso. Movendo-nos ao ritmo do balanço das águas, em harmonia com os ventos que as agitam. Como fazem os barcos no cais, porque são sábios.

Nota: Esta música não é especialmente natalícia, mas foi o que me apeteceu hoje. Porque não? O Natal não é quando um homem quiser? Então... com a música é a mesma coisa.

Video encontrado aqui.

domingo, 23 de dezembro de 2007

UM BOM NATAL

Amigos de sempre, amigos recentes, amigos de um dia que ainda há-de vir:

Para todos os que passam por esta Porta, um Feliz Natal, com mais Alegria e Paz do que embrulhos e laçarotes.
Nota: Ninguém me levará a mal que deseje, especialmente, um óptimo Natal à Ana LC, que tive a alegria inesperada de ouvir ao telefone, ainda há pouco. A vida não nos derrota, Ana. Muitos e felizes Natais!

Postal de Londres


Que estranha perversão sociológica pode levar a que um ser humano, adulto e racional, considere uma honra e um orgulho esta auto-condenação a uma não-vida de imobilidade total, tendo como alternativa falar, rir, chorar, saltar, abraçar, enfim, VIVER?

Para mim, a vida dos guardas reais parece-se muito com um infindável ensaio geral para a morte, um papel que qualquer um de nós desempenhará tão bem como eles, afinal, e de improviso.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Calma

A calma é daquelas coisas que só a vida e o tempo nos ensinam. E, mesmo assim, podemos viver uma vida inteira sem aprendê-la: não adianta lê-la nos olhos dos outros, ouvi-la da boca dos outros, percebê-la nos gestos e atitudes dos outros. A calma é muito mais fácil de aconselhar do que de praticar, mesmo para quem já passou por muitas tempestades e lhes sobreviveu.
E no entanto é um conceito linear, talvez o mais simples dos segredos: saber esperar. Esperar o tempo exacto para colher os frutos no momento certo, ganhando o prémio de não saboreá-los verdes e, por isso mesmo, ainda insípidos; respirar fundo e deixar passar a onda, para poder vir à superfície em seguida, não só ainda vivo como capaz de mais umas braçadas até à praia; deixar que alguma distância se interponha entre nós e a nossa voracidade espontânea, para que aquilo que queremos muito nos seja dado com prazer e não entregue por assalto à mão armada. Porque tudo o que se conquista lentamente tem o dobro do sabor e da duração.
A calma é um bem precioso, mas escasso. Nele radicam, tão só, a justiça e a sabedoria. E ao contrário da fama que tem, completamente errada, a calma não impede ninguém de viver plenamente e com emoção. Muito pelo contrário, aliás. Difícil, mesmo, é entendermos isto. Somos viciados em emoções fortes, em adrenalinas fáceis e momentâneas. Temos pressa, e por isso atropelamos sensações e queimamos etapas, tudo para chegar mais cedo. E com isso perdemos, quase sempre, o prazer indizível da viagem.



(Tocando em frente - Maria Bethânia)

Nota: esta canção de Almir Sater (a prova de que até dos "pirosos" podem sair criações magníficas), muito valorizada também pela voz inconfundível de Maria Bethânia, diz-nos tudo o que é preciso saber:

Ando devagar porque já tive pressa, e levo esse sorriso porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe, só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei...
Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente. Como um velho boiadeiro levando a boiada, eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou, estrada eu sou...
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora, um dia a gente chega, no outro vai embora. Cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs...
É preciso amor para poder pulsar, é preciso paz para poder sorrir, é preciso chuva para florir."

Bicicletas X

(Vainilla - Bicicleta para dos)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Traição!

Tenho recebido nestes últimos dias, de tudo quanto é mulher (de bom gosto, diga-se) os votos de bom Ano Novo de 2008 dados pelo George Clooney, erguendo uma flute de champagne à saúde de "all the beautiful woman in this world".
E aí é que está o problema: eu já tinha recebido, em primeira mão, um cartão igual, do próprio George.
Devo dizer que não me conformo e que estou amuada, por isso não o reproduzo aqui. Ele jurou-me que o cartão era só para mim, e afinal traiu-me com todas as minhas amigas.
Não há direito, francamente! Os homens são todos iguais.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Património bloguístico

Além dos autores do Corta-Fitas (uma das minhas paragens diárias na blogosfera), que são de grande qualidade, este blogue tem um património precioso e invulgar: os comentadores anónimos. São de uma fidelidade canina e têm graça, normalmente. Não sei se serão uma única pessoa, que se desdobra em várias personalidades, ou, até, se serão heterónimos dos próprios autores do blogue, num exercício de "pescadinha de rabo na boca". Não sei, nem me interessa. Sei que me divertem, e que são uma das razões pelas quais nunca deixo de lá ir espreitar.
Dou-vos um exemplo. A esta entrada da Cristina Ferreira de Almeida, já de si bem apanhada, os anónimos reagiram assim:

Anónimo Anónimo disse...

Veja lá mas é se o Joaquim a leva por maus caminhos.

Nunca fiando...

2:18 PM

Anónimo Anónimo disse...

Não olhe para trás, senhora, olhe que ainda vai contra um muro!

2:33 PM

Blogger cfa disse...

Vamos esforçar-nos um bocadinho mais nos comentários, boa? Vá lá, anónimos, vocês conseguem melhor!

3:08 PM

Anónimo Anónimo disse...

Terá encontrado o Joaquim de Almeida?

3:19 PM

Anónimo Anónimo disse...

Oh, muito pior que isso foi a minha vida antes de ter conhecido a Juliana Paes.

3:26 PM

Anónimo Anónimo disse...

Se tentou apoiar-se numa perna, mexer no cabelo e falar-lhe com voz doce, o mais provável é que o Joaquim seja gay, apesar da voz máscula e firme.

3:39 PM

Blogger Pedro Correia disse...

Esse gajo é trolha?

4:02 PM

Anónimo Anónimo disse...

Sr. Correia, era favor esforçar-se um bocadinho mais.

4:47 PM

Blogger cfa disse...

Se o Joaquim fosse trolha era perfeito, ainda fazia uns arranjinhos na casa; Se fosse o Joaquim de Almeida fazia ovos mexidos (julgo eu).

5:10 PM

Anónimo j.c. disse...

Não é homem, CFA. Não pode ser homem, porque os homens são perfeitos por natureza. Não precisam de fazer ovos mexidos, nem precisam de fazer coisas básicas: só precisam de saber mandar fazer.
Pode até ser macho. Pode ser um peixinho vermelho. Mas o Joaquim não é homem!...

5:25 PM

Blogger cfa disse...

J.C., lamento informá-lo de que as suas ilhas não constam da memória do meu Joaquim. E não despreze a habilidade de fazer ovos mexidos. Garanto-lhe que leva muitas mulheres à rendição.

5:52 PM

Anónimo j.c. disse...

Três notas, CFA.

1. Um Joaquim sem memória é realmente para lamentar.

2. Não desprezo essa habilidade. Ovos mexidos é coisa que faço com grande qualidade.

3. Maior habilidade é levar muitas mulheres à rendição sem ovos mexidos. Não preciso de ir à cozinha, porque eu sou homem de uma mulher só. Uma de cada vez. Mas só. Ou, quando muito, mal acompanhada...

6:02 PM

Blogger cfa disse...

Ora aí está um comentário engraçado do JC. Contei ao Joaquim e ele disse logo: "Vire à direita". Vejam e aprendam, anónimos do fundo do escalafon!

7:00 PM

Nota: Esta homenagem aos comentadores de blogues alheios não significa, de maneira nenhuma, que os prefira aos da Porta do Vento. Gosto muito dos meus comentadores e não os troco por nenhuns outros. Mas esta assídua troupe de anónimos é, no mínimo, invulgar.

Chávez em Paris

Tais toi, si tu aimes ta tête!!
(Agressivo, o rei de Espanha? Bah...)
Nota: Fotografia recebida do MT, " fornecedor" habitual deste blog.

Uma linha de Mozart...

... para quem, como eu, é viciado neste génio da música. Uma longa linha, aliás (quase 7 minutos). Se fosse de coca, matava.

(Animação - La Linea)

Nota: roubado daqui.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Bicicletas IX

Mais uma canção do Pedro Guerra. Óptima, como sempre.

Se llamaba Greta como la famosa actriz ni tan rubia ni tan suelta ni tan frágil ni tan falta de complejos ni tan ágil de reflejos ni tan llena de carmín

Se llamaba Greta y era joven y feliz esperando la llegada de algún tren en la parada confundida sin saber que las heridas son el precio de vivir

Y llegaste tú con tu bicicleta y tu estrecha camiseta a volarle el corazón y llegaste tú pura dinamita con disfraz de agua bendita a volarle el corazón

Se llamaba Greta y aprendió como la actriz a llorar por las esquinas y después como si nada a decir agua pasada estoy curada la estrategia de mentir

Se marchó el ladrón con su bicicleta y sin flores para Greta que esperaba en el balcón pero ya no hay más ya no siente nada ya olvidó aquella jugada ya pasó lo que pasó

Se llamaba Greta y era joven y aprendiz le quedaron cicatrices de los días infelices engreído malnacido consentido ya no piensa más en tí

Ahora espera el tren o quizá la bicicleta o los ojos de otro atleta como no se encuentran dos y vendrá talvez y será un especialista y sabrá como un artista consolarle el corazón

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Pérolas na Blogosfera V


"Os meus dentes já bateram tanto hoje que houve quem começasse a dançar sevilhanas."
Uma frase com graça apanhada num post do João Villalobos, no excelente Corta-Fitas.
"As lágrimas dos outros são apenas água"
Um provérbio russo cheio de sabedoria, encontrado no Cão com Pulgas (outro belíssimo blog), do Pedro Aniceto.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Par gourmandise

Je t'aime aussi par gourmandise...

Estamos no Natal, tempo de mil guloseimas. E há algumas que não fazem desequilibrar a balança. Como esta deliciosa letra cantada, com a maior graça, por quem sabe dizer estas coisas melhor do que ninguém: Aznavour, claro. Quem mais? Ofereço-a a todos os que gostam destas e de outras guloseimas.

Get this widget | Track details | eSnips Social DNA


domingo, 16 de dezembro de 2007

Filmes da minha paixão

Pedem-me, o Ricardo e a Júlia, que indique os meus 5 filmes preferidos. Tarefa difícil, escolher só 5, mas vou fazer uma batota: já que o convite vem em duplicado, aproveito para alargar o rol. Aqui mesmo ao lado (à esquerda, no blog), estão alguns dos meus filmes de culto, nos "Louros do Vento". Há bem pouco tempo comentei aqui outro dos meus eternos, "A filha de Ryan". Por isso, os 5 que escolho agora são "além destes". De propósito, vou variar o género:
1. Comédia - "As faces de Harry"- o genial humor cáustico de Woody Allen, no seu melhor. Destaque para uma das histórias - o homem desfocado - embora todas sejam de uma imaginação fantástica. Hilariante.
2. Drama - "Mar Adentro" - falar de um tema ultra delicado como a eutanásia, sem os rodriguinhos habituais, não é para todos. É para Alejandro Almenábar, que o faz com elegância e poesia. A interpretação de Javier Bardem também não é alheia a esse sortilégio.
3. Aventura/Epopeia - "Fitzcarraldo" - o sonho de um melómano aventureiro (levar Caruso e toda a companhia à Ópera de Manaus) e o breve mas delirante eldorado da borracha, na Amazónia. Klaus Kinski, um louco inesquecível. Cláudia Cardinalle, linda. Um filme de Werner Herzog de que poucos se lembrarão, mas que eu adoro.
4. Suspense - "Seven" - um filme arrepiante que me obriguei a ver por ser tão bom. E não me arrependo (achei-o magnífico), mas não o vejo outra vez. De David Fincher, com um actor maior - Morgan Freeman. E o bálsamo da beleza de Brad Pitt, a suavizar o arrepio.
5 -
Ficção Científica - "Dune" - David Lynch bem ao seu estilo, num filme surpreendente e de uma estética imbatível. Não passa de moda, ao contrário de outros filmes deste género.
Muitos filmes se seguiriam nesta lista, mas acho que já abusei. Passo a pasta, como se impõe, aos blogueiros Leonor Barros, TCL, Adelaide Amorim, Von e Miguel.
(Como é que eu fui deixar de fora Fellini e Visconti??? Esta coisa de serem só 5...)

Obrigada

Obrigada a todos os meus amigos que tiveram a paciência e a coragem de ter ido ontem à Azambuja para o lançamento do meu livro, nesta época em que todo o tempo está ocupado.
E obrigada também a todos os que não puderam estar presentes, e, literalmente, me entupiram o telefone e o computador com mensagens e mails tão queridos que me aqueceram a alma.
A todos agradeço, comovida, porque sei que os amigos são o mais precioso dos bens. E os meus são os melhores do mundo!

Discurso histórico

A selar o famoso Tratado que engalanou Lisboa e levou o primeiro ministro a orgasmos múltiplos de eloquência e protagonimo, aqui fica o comentário do correspondente da BBC, Mark Doyle, em Lisboa:
«The Summit ended, as do most meetings of this sort, with smiling photocalls. The Portuguese Prime Minister, Jose Socrates, gave an extraordinary closing speech which spoke about bridges being built, steps forward being taken, and visions being pursued.
He went off on such an oratorical flight, in fact, that I became mesmerised by the beauty of the Portuguese language and the elegance of his delivery. I was so bewitched that I didn't register any concrete points in the speech at all.
Perhaps there weren't any. But it certainly sounded good».
Acho que está tudo dito. Ninguém como os ingleses para apanhar os ridículos dos outros. O pior é quando não exageram.
Nota: Obrigada ao Manel, que me enviou o texto (que está entre aspas) por e-mail.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Fado do encontro


Há encontros que valem a pena. Este, sem dúvida, é um deles.
(Fado do encontro - Mariza e Tim)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Destratado no Tratado


Pela segunda vez em pouco tempo, o pobre ministro Luis Amado (mal-amado, mais propriamente) ficou de mão estendida e ar triste, sem o bacalhau prometido. Agora foi na assinatura do Tratado de Lisboa, à porta do Mosteiro dos Jerónimos, talvez por culpa da confusão gerada pela gaffe protocolar do irrequieto "Sarkô".
É certo que já aprendeu a disfarçar a desfeita que sempre lhe toca, e, desta vez, um ligeiro aperto de... braço, livrou-o de maiores constrangimentos. Mas começo a ter pena dele, porque, se o ditado está certo, não há duas sem três.
Talvez esta pose - de braços firmemente cruzados - o salve da terceira humilhação.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Receita de Natal

Free Clipart

Pegue num punhado de lembranças de conserva e leve a lume brando em água de memórias, deixando ferver lentamente até que todas venham à superfície. Aromatize com humor e ternura em partes iguais, junte imaginação qb para dar colorido e deixe que ganhem volume. Reserve por algum tempo, mas não demasiado.

Deve ficar uma massa delicada mas consistente, branda e sensível ao tacto. Não deixe esfriar, e vá moldando pequenos instantes (ou grandes, conforme a preferência e o apetite) de formas variadas, recheando-os a gosto com surpresas e inspirações de momento.

Tudo fica bem como recheio: picante, doce e agri-doce, dependendo dos comensais. Sirva quentes, polvilhados de fantasia para decorar (os enfeites são essenciais para o êxito desta receita).

(Nota: Esta é uma receita diferente. Não é para cozinheiros preguiçosos e exige muita dedicação e conhecimentos profundos de arte culinária. Mas compensa tudo. Experimente. Faça uma surpresa a alguém, este Natal.)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Irresistível

É irresistível espreitar as estatísticas de vez em quando, porque se dá de caras com as misteriosas e hilariantes pistas que trazem as pessoas até ao nosso blog. Aqui ao Porta do Vento, há quem venha parar com estas:

"Você não é nenhum resumo do conto vestido"

(Nem quero... prefiro ser o conto inteiro. Mesmo nu.)

"Casamento matinal?"

(Não, amigo, obrigada. Sou noctívaga.)

"Zé aperta o laço"

(À vontade, desde que não seja no meu pescoço...)

"Devolve-me os laços meu amor"

(Desculpe, não posso. O Zé levou-os todos.)

"Pedalando eu vou"

(Então boa viagem, e veja lá não se arme em camisola amarela.)

"Ementas de luxo"

(Aqui tudo é um luxo, meu caro. O que é que pensava, hein?)

"Estátuas maçónicas"

(Perdão? Disso não temos. Deve ter confundido com o avental das ementas de luxo...)

"Filme chocolate projecto de vida"

(Vê, eu não disse? Quer maior luxo??)

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

E a propósito de maçãs...


Pecado, só o original.
Cópias nunca.

Humor negro

Como querem que eu respeite a política em Portugal, quando a primeira figura (triste, por sinal...) do maior partido da oposição aproveita a notícia de um crime qualquer para exigir ao primeiro ministro um pedido de desculpas ao povo pela falta de segurança no país???

Será que Menezes acha que faltam motivos SÉRIOS para apontar o dedo ao governo? Será que a demagogia mais básica se aliou de vez ao ridículo? Será que a imaginação e sentido de oportunidade de LFM não chegam a mais do que a esta miséria?

Preocupa-me a prepotência imparável deste governo, mas assusta-me ainda mais a falta de alternativas válidas.

O Bordalo é que os topava bem.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Yesterday


Em homenagem a um tempo em que tudo era tão saboroso como uma maçã acabada de colher.


(Eva Cassidy - Yesterday)


domingo, 9 de dezembro de 2007

Fecha-te, Sésamo.



Lá chegou ao fim a versão alfacinha do Ali Bábá e os 40 ladrões. Enquanto desarmam a barraca e emalam a trouxa para zarpar (literalmente, no caso da criatura líbia), os nossos ilustres anfitriões esfregam as mãos de contentes, por tanto êxito alcançado com esta brilhante ideia. E por terem feito triunfar a diplomacia sobre a barbárie tradicional. Porque será que não me convencem?
Enfim, acabou a farsa. Na melhor nódoa cai o pano.

Pudesse eu


Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!

(Sophia de Mello Breyner)

Saudades de Lisboa


ALFAMA

Alfama de cacos pintados de tintas e trocas e ventos no rio de pontos picantes e pontas de faca e alpaca de Alfama com alma de alfafa e gente de fama que cai na galhofa do pátio da esquina da feira da ladra de cacos picantes e contas correntes de tretas e pintas de gente com laca nas pontas da fama e ventos de faca que cortam Alfama de portas pintadas com a fama do fado.

(Nuno Rebelo - in Mler If Dada, Coisas que Fascinam)
Nota: Roubado ao RAA, no Abencerragem.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Matilde



Em "arrumações e limpeza" de ficheiros de música no computador, encontrei hoje esta canção do meu velho amigo Pedro Guerra (há muito tempo que não o punha aqui, não se podem queixar...) "Matilde (el marido de la peluquera)" e lembrei-me de uma encomenda que tive para traduzi-la, o que me divertiu imenso.
Acabei por não fazer uma tradução nem sequer uma adaptação - achei que o absurdo e as ironias castelhanas perderiam todo o sentido em português - e propus fazer, em vez disso, uma letra completamente nova, mantendo só o tema e o título. Aceitaram, felizmente. Não tenho a versão portuguesa digitalizada mas aqui deixo a letra que fiz e a versão original, uma delícia do surrealismo saída do desconcertante talento do Pedro Guerra.

Matilde (o marido da cabeleireira)

Acordo ensonado
(sete da manhã),
já ela se enfeita,
se pinta, se ajeita,
rói uma maçã.
Atira-me um beijo
e sai apressada,
deixando o feitiço
do corpo roliço
na licra apertada.

Entra no transporte,
empurra e refila.
Como uma guerreira
conquista a cadeira
da primeira fila.
Tão longe a cidade,
tão grande a ambição…
Sai cara a demora,
está quase na hora
de abrir o salão.

Matilde, pequena
princesa de folhetim,
que tortura, que poema,
esses gestos de cinema
à Marylin!

Dá cor e beleza
ao mundo real:
Ninguém, como ela,
faz da Cinderela
uma história banal.
Domina, com graça,
conversas ligeiras,
segredos de alcova
que enrola na escova,
com as cabeleiras.

Regressa à noitinha,
provocante e bela,
e diz-me, ao ouvido,
coisas sem sentido
que ouviu na novela.
Fico atordoado
de orgulho e ciúme,
com medo que, um dia,
tanta fantasia
leve o seu perfume…

Matilde, pequena
princesa de folhetim,
que tortura, que poema,
esses gestos de cinema
à Marylin!
(Nota: A canção tem 2 títulos: "Matilde (...)" e "Nunca Mas". O imeem escolheu o segundo)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Cimeira?


Não percebo porque é que chamam Cimeira a uma tal exibição de ditadores implacáveis e desumanos, tratados pela Europa com todas as honrarias, como se fossem gente de carácter e digna de admiração.
É triste e dá que pensar. Por que valores, afinal, se rege o mundo ocidental (dito "civilizado"), se se verga assim aos diamantes e ao petróleo com tanta facilidade, esquecendo o sangue que escorre de ambos? E não me venham com tretas de "oportunidade única de discutir os direitos humanos". A mim, cheira-me a rendição e a hipocrisia.
Eu chamar-lhe-ia, antes, uma Baixeira.
(Nota: Este post é dedicado ao Pedro Correia, do Corta-Fitas, que tem feito nas últimas semanas um útil e exaustivo levantamento das biografias destes meninos de coro. Leiam-nas, vale a pena.)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

PPPPPPreciosidades, PPPPPPatetices


Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor Português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar Panfletos.

Partindo para Portofino, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pisa. Pernoitando, prosseguiu para Palermo, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para pai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.

Partindo para Paris, passou pelos Pirinéus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se, principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas.

Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profunda privação passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal.

Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... - Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo. - Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.

Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém pai Procópio partira para província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para pai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pesaroso, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal.

Porém, pai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: - Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Plácido pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? - Pai, - proferiu Pedro Paulo - pinto porque permitistes, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.

Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro!

Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pescaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pescaram peixe pesado. Partiram pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.

Pisando por pedras pontiagudas, pai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo.

Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas.

Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...

Permitam-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar.

Pensei. Pronto: Pararei!
(Nota: Recebi este texto por e-mail e achei-lhe piada. Aqui fica, como mera curiosidade linguística)

Bicicletas VIII

(Kevin Bloody Wilson - Hey Santa Clause Where's Me Bike?)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Mais um


Parece que hoje foi o Dia Mundial da Alergia.

Aproveito mais esta absurda efeméride para declarar a minha total e irremediável ALERGIA a todos os Dias De...
Fazem-me urticária.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Convite

Entretanto, duas boas notícias:

1. Gostava muito de contar com todos no lançamento do meu livro Gente do Sul, que será na Azambuja (eu sei, eu sei, não é exactamente o sítio mais prático. Mas aviso que há comes e bebes, talvez convença assim os mais relutantes...), no próximo dia 15 de Dezembro (sábado) às 18h, no Auditório Municipal de Azambuja. O livro será apresentado pelo Dr. Joaquim Ramos, Presidente da Câmara de Azambuja. Apareçam por lá!


2. Soube agora mesmo que outro livro meu, A Poesia é para Comer, acaba de ganhar um prémio internacional: o Gourmand World Cookbook Award 2007, para o melhor livro português na categoria de Best Food Literature Book. Com este prémio, o livro fica automaticamente candidato ao prémio máximo, o Gourmand Best in the World, cujo vencedor será anunciado em Maio de 2008. Para quem não conhece, os Gourmand World CookBook Awards são uma espécie de Óscares para os livros de Cozinha, atribuídos por um júri internacional e muito concorridos. Só por curiosidade, o criador e presidente destes Prémios (belga ou suiço, não sei bem) chama-se, bem a propósito, Mr. Edouard Cointreau.

Está quase


A melhor coisa de se estar afastado durante algum tempo é constatarmos que fazemos falta e que gostam de nós. Seja para um grupo restrito de pessoas, seja para um imenso público anónimo, ser-se querido é sempre muito bom.
A longa lista de mails, por ler, na minha caixa postal, somada às mensagens que encontro aqui na caixa de comentários do blog, dizem-me que há quem tenha sentido a minha falta. Quem tenha tido saudades. E só por isso, meus amigos, já valeu a pena ter estado estes dias todos embrulhada em caixotes e com a casa virada do avesso.
Obrigada a todos, pelo carinho. Prometo voltar em breve (não, ainda não tenho net regularmente - não conhecem a TV Cabo, por acaso??), e, para já, vou passando por aqui para pôr a conversa em dia.
Nota 1: Que bom que é ter interlocutores inteligentes: deixei aqui um subtil desafio com a palavra "rede" (escrita e sugerida numa imagem vaga), o que suscitou logo vários trocadilhos e interpretações, tal como esperava.
Nota 2: As arrumações estão quase feitas. E não, não me mudei para o Palácio da Pena. Mas tenho pena.