Mais um passeio a pé por Sintra, neste Domingo de sol tímido.
A Correnteza, sempre o ponto de partida. Hoje animada pela quinzenal feira de velharias, (pobrezinha, mas honrada)
A minúscula capelinha de N. Sª da Pena, escavada na rocha, que nos servia de esconderijo perfeito quando brincávamos "às escondidas". Agora está invadida por flores de plástico e velas (também de plástico) de loja chinesa, tristes presentes a agradecer graças concedidas.
No alto, impossível de ignorar, o Castelo dos Mouros, uma imponente presença a lembrar os visitantes que já aqui estava antes de tudo o resto.
O velho Lawrence's, agora impecavelmente restaurado, ainda respira as histórias queirozianas que lhe ficaram, para sempre, impregnadas nas paredes.
Mesmo ao lado, a Casa-Museu Ferreira de Castro (olá,
vizinho!)
A porta lateral da Igreja de S. Martinho da Vila, engalanada de palmas para a Páscoa que se avizinha.
O simpático Hotel Netto, ou o que dele resta. Faz dó o abandono em que está hoje: uma lixeira imunda em plena Vila, mesmo ao lado do Palácio. Lembro-me bem de vê-lo limpo e arranjado, orgulhoso de tão nobre vizinhança. (esta é em sua honra, amigo Réprobo)
O vizinho Jardim da Preta, já dentro do Palácio, o meu "país das maravilhas" preferido, onde brinquei tantas e tantas vezes. Merece destaque especial, por isso não me alongo mais aqui.
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A incontornável Piriquita, templo maior da doce tetralogia de Sintra (Preto/Sapa/Piriquita/Gregório), afundada em território de turistas caça-souvenirs, entre bordados e azulejos. É um verdadeiro sacrilégio, para quem vem à Vila velha, deixar de ir à pátria dos travesseiros comer ao menos um, sempre a sair do forno.
O velho ringue de patinagem onde ensaiei as primeiras piruetas "artísticas" sobre rodas, que me renderam alguns aplausos e um ou outro namorado, uns Verões mais tarde, no Parque de Santa Marta, na Ericeira. Aqui havia também (não sei se ainda existem) exposições caninas muito concorridas.
Uma maternidade de hortênsias no Parque, prontas para enfeitiçar ainda mais os olhos dos visitantes, já saturados de tanta beleza.
Sintra é, sobretudo, isto: uma bebedeira de verdes, pedras musgadas e águas cristalinas, tudo envolvido numa incomparável aura de mistério.
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Mas é também o insólito, à espreita em cada recanto.
E finalmente a bela Adraga, secreta e misteriosa. Um desses lugares tão especiais que dele se poderia dizer, como em Casablanca: "Teremos sempre... a Adraga!". Aqui nos espera, em qualquer estação do ano, um peixinho fresquíssimo e a mais revigorante maresia.
(aqui já fui de carro, nada de batotas...)
Até à próxima.