A minúscula capelinha de N. Sª da Pena, escavada na rocha, que nos servia de esconderijo perfeito quando brincávamos "às escondidas". Agora está invadida por flores de plástico e velas (também de plástico) de loja chinesa, tristes presentes a agradecer graças concedidas.
No alto, impossível de ignorar, o Castelo dos Mouros, uma imponente presença a lembrar os visitantes que já aqui estava antes de tudo o resto.
O velho Lawrence's, agora impecavelmente restaurado, ainda respira as histórias queirozianas que lhe ficaram, para sempre, impregnadas nas paredes. Mesmo ao lado, a Casa-Museu Ferreira de Castro (olá, vizinho!)A porta lateral da Igreja de S. Martinho da Vila, engalanada de palmas para a Páscoa que se avizinha.
O simpático Hotel Netto, ou o que dele resta. Faz dó o abandono em que está hoje: uma lixeira imunda em plena Vila, mesmo ao lado do Palácio. Lembro-me bem de vê-lo limpo e arranjado, orgulhoso de tão nobre vizinhança. (esta é em sua honra, amigo Réprobo)
O vizinho Jardim da Preta, já dentro do Palácio, o meu "país das maravilhas" preferido, onde brinquei tantas e tantas vezes. Merece destaque especial, por isso não me alongo mais aqui.
A incontornável Piriquita, templo maior da doce tetralogia de Sintra (Preto/Sapa/Piriquita/Gregório), afundada em território de turistas caça-souvenirs, entre bordados e azulejos. É um verdadeiro sacrilégio, para quem vem à Vila velha, deixar de ir à pátria dos travesseiros comer ao menos um, sempre a sair do forno.
O velho ringue de patinagem onde ensaiei as primeiras piruetas "artísticas" sobre rodas, que me renderam alguns aplausos e um ou outro namorado, uns Verões mais tarde, no Parque de Santa Marta, na Ericeira. Aqui havia também (não sei se ainda existem) exposições caninas muito concorridas.
Uma maternidade de hortênsias no Parque, prontas para enfeitiçar ainda mais os olhos dos visitantes, já saturados de tanta beleza.
Sintra é, sobretudo, isto: uma bebedeira de verdes, pedras musgadas e águas cristalinas, tudo envolvido numa incomparável aura de mistério.
Mas é também o insólito, à espreita em cada recanto.
E finalmente a bela Adraga, secreta e misteriosa. Um desses lugares tão especiais que dele se poderia dizer, como em Casablanca: "Teremos sempre... a Adraga!". Aqui nos espera, em qualquer estação do ano, um peixinho fresquíssimo e a mais revigorante maresia.
(aqui já fui de carro, nada de batotas...)
Até à próxima.
20 comments:
Hoje não posso concorrer contigo, porque ainda não pus o pé na rua (também já não vou pôr!), mas ontem não foi nada mal e foi especial! Muito mesmo... e também teve travesseiros, em Cascais, mas teve! Estou com um bronze! Mas hoje, tive de equilibrar as coisas e ficar em casa, perdida entre os tachos e filmes sem fim. Vou continuar...
Lindas, as fotografias e as tuas palavras, mas fiquei com um bocadinho de inveja!
Beijinhos
Muito obrigado, Querida Ana, que tristeza o estado em que ficou um hotel com tanto pessoal!
Quisera eu ver-lhe o destino da Lawrence, onde há uns poucos anos decorreu o impecável copo d´água do casório duns Amigos meus!
Beijinho grato
Uma excelente descrição, novamente, de Sintra e dos seus recantos, acompanhada de óptimas fotografias, das quais elejo a da Adraga, que me traz boas recordações a lembrar um fresquíssimo robalo grelhado para dois...
Obrigado pelo passeio. Às vezes esqueço-me destas maravilhas e a razão é só uma - o trânsito.
E agora uma minhoquice. O hotel Netto é com dois T :)))
Sofia,
Se teve travesseiros, só pode ter sido bom...
;)
Paulo, tem razão. É inacreditável o estado a que o deixaram chegar, num sítio daqueles. Uma tristeza, mesmo.
Beijinho
Pedro,
A Adraga é uma praia linda. Hoje estava cheia de gente, mas prefiro-a vazia, quando é mais fácil acreditarmos que é só nosso tudo aquilo: o mar, o tempo, o sonho.
Espumante,
Obrigada pela emenda, tem toda a razão e não é nenhuma minhoquice. Escapou-me, não sei como. Sempre conheci o hotel Netto, e com 2 T!
A continuar assim, Ana, vais acelerar o meu regresso à vila e aos seus arrabaldes, que está prometido há tempos... beijinho!
Bom, pelo que li, sempre que vou a Sintra cometo um sacrilégio. Sou mais pelo peixe fresquíssimo! E o restaurante da praia da Adraga é, de facto, um bom local para o comer!
INVEJA! INVEJA INVEJA! :)
Já ontem te disse que te odeio, não foi? :)
Achei graça ao Réprobo: eu também digo sempre a Lawrence. E ia alternadamente lá ou a Seteais (e os ais que lá chorei / não foram sete mas mil, como cantava o Alencar) beber um copo ao fim da tarde.
Beijinho.
P.S. Grande telemóvel o teu!
estou muito ligada a Sintra. muito.
obrigada por este passeio.
Oh vizinha, então e não tocou?! Eu bem sei que o Museu está a lavar a cara, mas mesmo assim...
Olhe, e não se lembra de ver o Ferreira de Castro no Hotel Neto? Era lá que ele costumava ficar, e não naquela casa, que é só museu (e já agora, centro de documentação)
Ah, era Domingo...
Se passar em dia útil, já sabe...
Huck,
Ontem tive uma surpresa triste: a Raposa já não é Casa de Chá. Agora é uma loja de roupa indiana-chique. Decoração ainda deslumbrante (hei-de pôr aqui uma ou duas fotografias) mas já não há bric-a-brac nem scones (nem nada que se coma, infelizmente!).
SC,
O peixe na Adraga já valeria o passeio, se não houvesse mais nada. Mas os travesseiros... enfim, gostos não se discutem.
Teresa,
O meu avô, lembro-me, também dizia assim. Mas não me dá jeito, não sei porquê.
SSV,
Sabe sempre bem, mesmo virtual. Mas aconselho um passeio ao vivo, é outra coisa.
Pois é, vizinho, era Domingo... mas um dia destes vou lá bater-lhe à porta e visitar o museu. Não me lembro de ver o Ferreira de Castro no Netto, mas sei que parava por lá.
Beijos
Aninhas, mas isso é coisa que se conte logo pela manhã, que a raposa morreu? E agora, quando eu for a Sintra, onde é que eu vou comer scones e beber chá? Ah, a tua casa, claro, que o João prometeu-nos uns scones! Não me esqueço! LOL
Beijinhos e bom dia
B*rd*m*rd*! É a única coisa que consigo dizer sobre isso da Raposa. Adeus, estou amuado e vou ao youtube procurar um requiem qualquer e fechar a edição do Courrier ainda mais mal disposto. A mensageira, pese embora não ter culpa, fica a dever-me um doce vindo de um qualquer vértice da tetralogia sintrense... é que estas notícias têm de ser dadas com mais paninhos quentes, bolas!
Meninos, a mensageira também ficou de luto pela Raposa...
A única coisa que posso fazer é servir-vos uns scones em minha casa, com um chá especial (tenho muitos, à escolha). Sorry...
Beijinhos
Deal!
...é a minha Praia! é onde vou... mesmo no inverno.
Eu também, sempre que posso. E sobretudo no Inverno.
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