Esse é o grande problema, o esmagador poder da rotina. Meu jovem amigo, não te quero parecer amarga, até porque acho que não o sou. Há alguns casais - muito poucos, estatisticamente - que conseguem fintar a rotina por muitos anos, e até por uma vida inteira. Mas a maioria, infelizmente ou não, só consegue acabar com a rotina mudando o objecto do amor. Evitar a rotina requer uma imaginação prodigiosa, e uma ainda maior energia, para vencer todas as resistências passivas que os anos trazem fatalmente. E a solução da tal "paz podre" é uma batota, que servirá para muita gente mas não para nós, não é? Há relações que duram muitos anos depois de estarem mortas e enterradas. Não chamo a isso uma relação, e muito menos um sucesso.
De todos os que quisermos dar-lhes, Capitão. Isto é só uma tentativa de definição, mas é claro que é muito incompleta. Mas acrescenta também os teus adjectivos, o desafio é esse mesmo.
Então e o tacto? Ninguém fala no tacto? O tacto que é preciso, principalmente no amor, por exemplo, para não deixar entrar a tal rotina que corrói? E o tacto que é preciso para fazer com que no tacto do amor não falte nunca o outro tacto-táctil da paixão? Volto a esta dança, quando alguém falar no tacto. E enquanto amuo, vou responder aos meus pares das danças anteriores.
E fico que à espera que a Mad volte do seu intervalo e pegue no "tacto". Bjs Rosarinho
Ó prima, saíste-me uma especialista em danças de salão! Pois é, aqui o tacto ainda estava intacto até avançares tu para a pista. E o blogue, hein? Para quando????? Bjs
PS: Não te chamo mais Rosa, se não toda a gente acha que é o teu nome.
Entrevista a uma daquelas missionárias fantásticas que enchem a vida num sítio qualquer de África: - Não gostava de ter filhos biológicos? - Bem, todos os que tivesse, seriam muito poucos. E, depois, o que seria destas centenas que aqui tenho?
Querido Miguel, isso é Amor em estado puro, assexuado e quase místico (ou mesmo místico, se a missionária for freira). Não é nesse que pensamos, quando falamos de tacto em qualquer dos sentidos. Voltas ao amor maternal/paternal, que é maravilhoso (todos concordamos contigo) mas difícil de encaixar aqui. Sobretudo, não é comparável - e muito menos incompatível - com amores mais terrenos. O que é queres provar, a futilidade deste debate? Explica lá isso. Bjs
Irra, Ana. Qual futilidade, qual carapuça. Já disse 50 vezes que tenho a melhor impressão do blogue, seja qual fôr o ponto de vista. E percebo a que tipo de amor te referes. Mas, caramba, cada vez que vou comentar, dá-me para falar doutro tipo de amores, que também são paixão.E que também são tacto. Só não são sexo ou não implicam tensão sexual nem vida a dois, apenas isso...sem deixarem de ser amor. Posso?
Av... (agora mudaste o nome?), mas que sermão ao teu jovem amigo! Deixa-me que te diga aqui da minha pobre inocência e tenra idade: estiveste mesmo numa de amiga cota!
Só uma coisa a dizer: o poder das relaçoes está em saber ter imaginação a cada dia, redescobrir coisas novas naquilo que se deseja e ama, reinventar a relação... as coisas vão mudando e as relações também. Dificil? Pois, é para quem ama... Só não vale é encostar ao sofá e deixar adormecer, desse modo, mais vale arranjar outros 'topo de gama'. (daqui a 40 anos voltamos a falar! LOL)
Quanto à dança de hoje, foi a que mais gostei... ao tacto é preciso tê-lo no amor sempre, mas sem deixar que exista o tactear da paixão... esse é muito importante e bom!
beijinhos a todos
p.s. Miguel... para quando o primeiro post? Já que o blogue, já lá está!
Uma amazona andante sai em minha defesa? Isso, sim, é uma galanteria que já escasseia, para mais renovada e à século XXI, de igual para igual - logo, torna-se ainda mais preciosa...
Como talvez escasseiem, Ana, os casais que conseguem a tal imaginação prodigiosa e a energia quase nuclear que terá de ter quem não quiser ser aplastado pela paquidérmica rotina, o confortável e odioso encosto de um sofá de paz podre. Acredito que não é uma fatalidade, antes um descuido em que é demasiado fácil cair. Pues que no caigamos!
Também adorei o mote de hoje, mas queria ter visto mais activo o tacto-táctil-tacteante que a blogmistress em tão boa hora lembrou. O tacto-figurado do amor sugere contenção, que a paixão contraria. O tacto-literal da paixão requer o outro tacto, para que a subtileza, o mistério, a sensualidade persistam. Ai, este equilíbrio que por vezes parece não durar mais do que o da pedra de Sísifo, no nano-segundo entre empurrá-la até ao cume e vê-la deslizar encosta abaixo... beijinhos e abraços para todos!
Sofia e Huck: mas EU SOU MESMO uma amiga cota!! Talvez não muito cota de cabeça, mas os aninhos já por cá passaram, e com eles muitos frangos virados... Acho muito bem que defendam a vossa dama do amor eterno e sem rotinas, melhor fora que não o fizessem, com a vossa idade! E quem sabe vocês dois não vão ser a excepção, e não a regra? Têm tudo, tudo mesmo, para isso! Beijos aos dois
Miguel, Não podes, deves! Porque aqui cada um pode dizer exactamente aquilo que quiser e como quiser, desde que não ofenda ninguém (o que nunca se aplicará a ti, se bem te conheço). Por isso continua a falar do tipo de amor que te apetecer. Eu só quis perceber-te, nada mais. Beijos (e então, quantas ossadas de faraó já desenterraste?) Irra! ;)
Para a autobiografia A MINHA VIDA de Lou Andreas-Salomé, a mulher que teve o amor de Rilke e de Nietzsche, e que conviveu intimamente com Freud, Gillot, Rée, e muitos outros homens célebres da sua época. Um relato interessantíssimo, na primeira pessoa, de uma mulher excepcional. Para um dos meus filmes preferidos de sempre - QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF?, de Mike Nichols - que revejo sempre com o mesmo prazer. É superior o texto de Edward Albee, são-no também as interpretações, de um casal "ao rubro", de Liz Taylor e Richard Burton. O filme, não por acaso, conseguiu um feito único na história do cinema: foi nomeado para todas as categorias dos Oscares, em 1966. Para o filme AS HORAS, que vai fundo na análise da infelicidade extrema dos inadaptados sociais, tendo como novidade o prisma de uma outra infelicidade: a das pessoas ditas "normais" que os amam e rodeiam, sofrendo tanto ou mais do que eles e não tendo, sequer, o bálsamo da loucura ou da genialidade. Interpretações inesquecíveis de Nicole Kidman, Julianne Moore e Meryl Streep. Para o filme DIÁRIO DE UM ESCÂNDALO, em que Judi Dench e Cate Blanchett nos guiam maravilhosamente, num brilhante argumento, pelos meandros da manipulação e da perversão femininas. Não percebo como não levou quase todos os Oscares do ano. Para o filme INFAMOUS, de Douglas McGrath, em tudo superior ao mediático e oscarizado "CAPOTE" (que aborda o mesmo tema). Um lote de actores de primeira água numa produção de baixo orçamento, a provar que os filmes fora do mainstream estão cada vez mais na moda, nos States. Para o filme HABLE CON ELLA, de Pedro Almodôvar, que consegue a proeza de transformar em pura poesia um dos mais abjectos crimes imagináveis - a violação - cometido, ainda por cima, sobre uma mulher completamente indefesa. Um filme que fala de um amor incondicional, desesperado, comovente. De um amor que, no seu profundo desajuste, nos faz questionar tudo e redime aos nossos olhos toda a Humanidade.
11 comments:
Esse é o grande problema, o esmagador poder da rotina. Meu jovem amigo, não te quero parecer amarga, até porque acho que não o sou. Há alguns casais - muito poucos, estatisticamente - que conseguem fintar a rotina por muitos anos, e até por uma vida inteira. Mas a maioria, infelizmente ou não, só consegue acabar com a rotina mudando o objecto do amor. Evitar a rotina requer uma imaginação prodigiosa, e uma ainda maior energia, para vencer todas as resistências passivas que os anos trazem fatalmente. E a solução da tal "paz podre" é uma batota, que servirá para muita gente mas não para nós, não é? Há relações que duram muitos anos depois de estarem mortas e enterradas. Não chamo a isso uma relação, e muito menos um sucesso.
È uma definição bonita, mas todos estes sentimentos carecem de mais adjectivos, não concordas?
De todos os que quisermos dar-lhes, Capitão. Isto é só uma tentativa de definição, mas é claro que é muito incompleta. Mas acrescenta também os teus adjectivos, o desafio é esse mesmo.
Então e o tacto?
Ninguém fala no tacto?
O tacto que é preciso, principalmente no amor, por exemplo, para não deixar entrar a tal rotina que corrói?
E o tacto que é preciso para fazer com que no tacto do amor não falte nunca o outro tacto-táctil da paixão?
Volto a esta dança, quando alguém falar no tacto. E enquanto amuo, vou responder aos meus pares das danças anteriores.
E fico que à espera que a Mad volte do seu intervalo e pegue no "tacto".
Bjs
Rosarinho
Ó prima, saíste-me uma especialista em danças de salão!
Pois é, aqui o tacto ainda estava intacto até avançares tu para a pista.
E o blogue, hein? Para quando?????
Bjs
PS: Não te chamo mais Rosa, se não toda a gente acha que é o teu nome.
Entrevista a uma daquelas missionárias fantásticas que enchem a vida num sítio qualquer de África:
- Não gostava de ter filhos biológicos?
- Bem, todos os que tivesse, seriam muito poucos. E, depois, o que seria destas centenas que aqui tenho?
Desculpem-me, mas isto é que é amor.
Querido Miguel, isso é Amor em estado puro, assexuado e quase místico (ou mesmo místico, se a missionária for freira).
Não é nesse que pensamos, quando falamos de tacto em qualquer dos sentidos. Voltas ao amor maternal/paternal, que é maravilhoso (todos concordamos contigo) mas difícil de encaixar aqui. Sobretudo, não é comparável - e muito menos incompatível - com amores mais terrenos.
O que é queres provar, a futilidade deste debate? Explica lá isso.
Bjs
Irra, Ana. Qual futilidade, qual carapuça. Já disse 50 vezes que tenho a melhor impressão do blogue, seja qual fôr o ponto de vista. E percebo a que tipo de amor te referes. Mas, caramba, cada vez que vou comentar, dá-me para falar doutro tipo de amores, que também são paixão.E que também são tacto. Só não são sexo ou não implicam tensão sexual nem vida a dois, apenas isso...sem deixarem de ser amor. Posso?
Ui... pisar não vale!
Av... (agora mudaste o nome?), mas que sermão ao teu jovem amigo! Deixa-me que te diga aqui da minha pobre inocência e tenra idade: estiveste mesmo numa de amiga cota!
Só uma coisa a dizer: o poder das relaçoes está em saber ter imaginação a cada dia, redescobrir coisas novas naquilo que se deseja e ama, reinventar a relação... as coisas vão mudando e as relações também. Dificil? Pois, é para quem ama... Só não vale é encostar ao sofá e deixar adormecer, desse modo, mais vale arranjar outros 'topo de gama'. (daqui a 40 anos voltamos a falar! LOL)
Quanto à dança de hoje, foi a que mais gostei... ao tacto é preciso tê-lo no amor sempre, mas sem deixar que exista o tactear da paixão... esse é muito importante e bom!
beijinhos a todos
p.s. Miguel... para quando o primeiro post? Já que o blogue, já lá está!
Uma amazona andante sai em minha defesa? Isso, sim, é uma galanteria que já escasseia, para mais renovada e à século XXI, de igual para igual - logo, torna-se ainda mais preciosa...
Como talvez escasseiem, Ana, os casais que conseguem a tal imaginação prodigiosa e a energia quase nuclear que terá de ter quem não quiser ser aplastado pela paquidérmica rotina, o confortável e odioso encosto de um sofá de paz podre. Acredito que não é uma fatalidade, antes um descuido em que é demasiado fácil cair. Pues que no caigamos!
Também adorei o mote de hoje, mas queria ter visto mais activo o tacto-táctil-tacteante que a blogmistress em tão boa hora lembrou. O tacto-figurado do amor sugere contenção, que a paixão contraria. O tacto-literal da paixão requer o outro tacto, para que a subtileza, o mistério, a sensualidade persistam. Ai, este equilíbrio que por vezes parece não durar mais do que o da pedra de Sísifo, no nano-segundo entre empurrá-la até ao cume e vê-la deslizar encosta abaixo... beijinhos e abraços para todos!
Sofia e Huck: mas EU SOU MESMO uma amiga cota!! Talvez não muito cota de cabeça, mas os aninhos já por cá passaram, e com eles muitos frangos virados...
Acho muito bem que defendam a vossa dama do amor eterno e sem rotinas, melhor fora que não o fizessem, com a vossa idade! E quem sabe vocês dois não vão ser a excepção, e não a regra? Têm tudo, tudo mesmo, para isso!
Beijos aos dois
Miguel,
Não podes, deves! Porque aqui cada um pode dizer exactamente aquilo que quiser e como quiser, desde que não ofenda ninguém (o que nunca se aplicará a ti, se bem te conheço). Por isso continua a falar do tipo de amor que te apetecer. Eu só quis perceber-te, nada mais.
Beijos (e então, quantas ossadas de faraó já desenterraste?) Irra!
;)
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