quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Fim de semana cultural





Tanto para ver em Madrid: Paula Rego no Reina Sofia, a ampliação do Prado, Dali... estes dias serão para a cultura (que inclui, por supuesto, a gastronomia e o flamenco!).
Deixo-vos com um belo dueto madrileño - A la sombra de un León (Ana Belén e Joaquin Sabina). E prometo contar tudo quando chegar.
Me marcho a Madrid, amigos... Hasta domingo!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Como é lindo o amor europeu

E se eles querem um abraço ou um beijinho... nós, pimba!

Assim, sim


Nem de propósito, acabo de receber esta mensagem por mail:
Os LD - Leigos para o Desenvolvimento - vão dar início a mais uma ano de formação. Ccomo já vem sendo hábito, vão realizar-se as sessões de apresentação nos diversos núcleos:
Porto - 2 de Novembro
Coimbra - 6 de Novembro
Lisboa - 8 de Novembro
Para mais informações ligue: 217 574 278
ou envie um E-mail para: ongd.leigos@gmail.com
Nota: A organização (católica) LEIGOS PARA O DESENVOLVIMENTO forma voluntários para o apoio de populações em países desfavorecidos, in loco. Este movimento propõe-se dar a estas populações mais que uma simples ajuda - oferecer-lhes um futuro. Para isso, coloca jovens licenciados a trabalhar nas áreas da educação, da saúde e da promoção social, em comunidades carentes de África e Timor. Mas há outras formas de contribuir, e todas são bem aceites, já que toda a ajuda é preciosa. Espreitem o site: www.leigos.org
Leigos para o Desenvolvimento
Estrada da Torre, nº 261769-014 Lisboa
Telefones: 21 757 43 57 ou 21 757 42 78
Fax.: 21 757 91 88

Lobos com pele de cordeiro


O presidente Sarcozy já condenou as actividades de uma ONG francesa denominada Arca de Zoé, pela tentativa de rapto de 103 crianças africanas.
Originárias da fronteira entre o Chade e o Sudão, estas crianças são, supostamente, órfãs de guerra. Como se essa terrível circunstância não lhes bastasse já, estes lobos disfarçados de cordeiros pretendiam traficá-las para adopção na Europa, violando todas as regras internacionais de adopção. Já tinham, até, sacado milhares de euros a centenas de famílias europeias, com a promessa de entregar-lhes os novos "filhos" tão ansiados. Parece que as autoridades do Chade descobriram a tempo a tramoia e prenderam todos os responsáveis da Arca de Zoé. A Unicef também já condenou a pretensa ONG.
Tristes tempos estes em que vivemos, em que até o bom nome das organizações de solariedade social é posto em causa. Tristes tempos, em que há quem some, sem um remorso, a extrema desgraça do desenraizamento à da orfandade, para satisfação dos bolsos de uns e à custa das frustrações de outros. Tristíssimos tempos, em que os países desfavorecidos se transformam em supermercados de crianças.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Berardo's TV Show


Notícia de última hora
Tendo em conta a espectacular e inesperada subida de audiências do programa Prós e Contras, a administração da RTP acaba de mudar-lhe o formato a título permanente: a partir de agora, Joe Berardo será o Contra residente fixo (o contrato acaba de ser selado nos bastidores do auditório da Casa do Artista, com espumante levado pelo próprio), que enfrentará diversas equipas de Prós, cuja selecção deverá obedecer a um único e imprescindível critério - a esmerada educação dos seus membros.
Fátima Campos Ferreira poderá continuar a apresentar o programa, na condição de admitir levar uma ou outra chapada de vez em quando, assim como alguns apalpões e gritos ocasionais. Um novo elemento será ainda adicionado à equipa técnica: um intérprete.
Se o novo formato vier a confirmar o êxito indiciado pelo programa zero de hoje, a RTP pondera alterar o nome do programa para Berardo's TV Show.

domingo, 28 de outubro de 2007

Da utilidade dos varões

Nada de ideias no Metro, à noite, minhas senhoras ...

Dia do Senhor, dia dos senhores

Domingo, dia do Senhor. E também dia deste senhor - Serge Reggiani, que cantava assim. E que escolhia, como ninguém, as canções que interpretava. Aqui em Sarah, de Georges Moustaki. Outro senhor.

E mais outro: Joaquin Sabina, un señor irreverente e "maldito", que escreve, compõe e canta como muito poucos. (Este, dedico-o à minha homónima Ana L. da Costa, que eu sei que também gosta dele. Aqui está, Ana, com um beijinho especial.)

A pedido, aqui ficam também as letras das duas canções. Ambas são belíssimos poemas.

Sarah (Georges Moustaki)

La femme qui est dans mon lit n'a plus vingt ans depuis longtemps.

Les yeux cernés par les années, par les amours, au jour le jour.

La bouche usée par les baisers, trop souvent mais trop mal donnés.

Le teint blafard, malgré le fard, plus pâle qu'une tache de lune.

La femme qui est dans mon lit n'a plus vingt ans depuis longtemps.

Les seins trop lourds, de trop d'amours, ne portent pas le nom d'appâts.

Le corps lassé, trop caressé, trop souvent mais trop mal aimé.

Le dos voûté, semble porter les souvenirs qu'elle a dû fuir.

La femme qui est dans mon lit n'a plus vingt ans depuis longtemps.

Ne riez pas. N'y touchez pas. Gardez vos larmes et vos sarcasmes.

Lorsque la nuit nous réunit, son corps, ses mains, s'offrent aux miens.

Et c'est son cœur, couvert de pleurs et de blessures, qui me rassure.

Y sin embargo (Joaquin Sabina)

De sobra sabes que eres la primera,

que no miento si juro que daría, por ti, la vida entera.

Y, sin embargo, un rato cada día, ya ves,

te engañaría con cualquiera, te cambiaría por cualquiera.

Ni tan arrependido ni encantado de haberme conocido, lo confieso.

Tú que tanto has besado, tú que me has enseñado,

sabes mejor que yo que, hasta los huesos,

sólo calan los besos que no has dado, los labios del pecado.

Porque una caza sin ti es una emboscada, el pasillo de un tren de madrugada,

un laberinto sin luz ni vino tinto, un velo de alquitrán en la mirada.

Y me envenenan los besos que voy dando,

y, sin embargo, cuando duermo sin ti, contigo sueño.

Y con todas, si duermes a mi lado,

y si te vas, me voy por los tejados como un gato sin dueño,

perdido en el pañuelo de amargura, que empaña, sin mancharla, tu hermosura.

No debería contarlo y, sin embargo, cuando pido la llave de un hotel,

y a media noche encargo un buen champán francés y cena con velitas para dos,

siempre es con otra, amor, nunca contigo, bien sabes lo que digo.

Porque una casa sin ti es una oficina, un teléfono ardiendo en la cabina,

una palmera en el museo de cera, un éxodo de oscuras golondrinas.

Y cuando vuelves, hay fiesta en la cocina

y bailes sin orquesta y ramos de rosas con espinas,

pero dos no es igual que uno más uno,

y el lunes, al café del desayuno, vuelve la guerra fría

y al cielo de tu boca el purgatorio, y al dormitorio el pan de cada día.

E já agora, acabadinha de receber de um amigo que está longe, via mail, esta magnífica versão do Somewere, over the rainbow, de um outro senhor - Eric Clapton .

E assim, este domingo fala várias línguas.

sábado, 27 de outubro de 2007

Maternidade


¿Malas madres?
Cuando a Doris Lessing le dieron el Nobel de Literatura hace unas semanas, leí en más de un sitio que recogía su biografía, que cuando eran joven había abandonado a sus hijos para marcharse a vivir a Londres."Había abandonado a sus hijos". Pensé: ¡Qué fea y qué peyorativa frase! Parece puesta adrede para que de antemano la idea que nos hagamos de ella es que por eso no es una buena mujer. Y seguí: ¡qué puñetas de abandono! No los abandonó, los dejó con su padre, que también los podía cuidar igual que ella. Pero en aquellos años que lo hiciera una madre era un escándalo. Y eran muy pocas, como he leído recientemente en otra publicación, las que anteponían su propia felicidad a la maternidad y cargaban de por vida con el calificativo de malas madres. Y en su interior con el remordimiento de no haber atendido a los hijos. En aquellos tiempos y en estos, aunque hoy hay más mujeres que dejan todo - marido e hijos - para irse con un nuevo amor. Pero siguen enfrentándose a la crítica de la sociedad. Se considera normal y no se condena a las madres que no viven con sus hijos por motivos profesionales, pero como la causa sea sentimental, otro hombre, se han caído con todo el equipo. Nunca he pensado que el ser mala madre esté en eso. Creo que se puede ser buena madre en la distancia.
(Um post, desabrido e feminista, de Chapi Escarlata, una "periodista cuarentañera, para nada amargada", como ela própria se intitula.)
Desta vez roubei ao JG um assunto sério, para variar. Costumo trazer do seu ZOO posts de excelente e requintado humor, de uma originalidade que me impressiona sempre (nem imagino onde o JG vai buscar tantas e tão boas graças), mas este óptimo blog também aborda - e com o mesmo rigoroso critério de escolha - assuntos que não são para rir, nem sequer para sorrir. Este é um deles, e por isso o trouxe para aqui.
Era de prever que um tema destes levantasse grande polémica. Claro: uma mãe que "abandona" os filhos por um amor, ou por uma profissão, não merece viver... a periodista cuarentañera abriu uma caixa de Pandora e o linchamento começou de imediato. É sempre tão fácil condenar!
Para começar, tenho que dizer que também não acredito que se possa ser uma boa mãe à distância. Acho isso uma utopia. Pelo menos, uma mãe tão boa como se estivesse presente. Mas as mães não são perfeitas, não podem nem têm que sê-lo sempre. São seres humanos, sujeitos a uma pressão brutal de todos os lados - da famíla, dos filhos, da sociedade, e até de si próprias - como muito poucos homens alguma vez experimentarão. É-lhes exigida a perfeição, nada menos. Vivem no arame mas não podem cair nunca, porque uma plateia implacável (curiosamente, composta menos de homens do que de outras mulheres) espera apenas esse momento para vaiá-las e apontar-lhes o dedo da condenação. Acontece que é, muitas vezes, esse grau desmesurado de exigência que as "empurra" para um fuga qualquer, por não conseguirem corresponder-lhe (quem consegue, sendo SÓ humano?) ou por se sentirem encurraladas na escolha que fizeram: a escolha natural, a que delas se esperava, mas feita muito antes de saberem o que ela iria significar de exclusividade. Porque a maternidade é uma escolha irreversível. Ou nem sequer é uma escolha, em muitíssimos casos.
Nem todas as situações são iguais, como é evidente. Há de tudo. E também há (não o ignoro) mães que são, realmente, de um egoísmo irresponsável. Mas o que quero aqui salientar é que nem todas as que se afastam dos filhos o são. E outra coisa: também há mães cuja irrepreensível presença é muito prejudicial aos filhos. E há as que lhes cobram, a vida inteira, a opção que as fez desistir de uma outra vida qualquer, com que sonharam um dia. E há as que os asfixiam e não os deixam voar. E há as que... Há de tudo, repito.
Não estou a cerrar fileiras com as feministas, e confesso que não me interessa muito se alguém classificará assim os meus argumentos. Acho, só, que temos que ver as coisas de todos os ângulos e não cair na tentação do mais fácil, que é crucificar quem falha. Ou quem parece ter falhado, aos olhos da maioria.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Famosos imbecis

"É preciso uma boa dose de imbecilidade para querer ser famoso"

Esta frase, de grande efeito dramático, foi dita por Miguel Sousa Tavares ao DN Online, numa entrevista recente a propósito do lançamento do seu segundo romance, Rio das Flores. O qual, by the way, teve uma notável 1ª tiragem de 100.000 exemplares!!
Então, Miguel, que mau feitio é esse? Sejamos honestos: será que tem alguma dúvida de que os seus livros não se venderiam como pãezinhos quentes, se você não fosse... famoso????

Eu, então, acho que basta uma boa dose de desconhecimento daquilo que é a fama, e mais outra boa dose de ambição, para se querer ser famoso.

E não é por aí, afinal, que começam quase todos os famosos?
Nota: Vale a pena ler o resto da entrevista.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Auto-baralhação


No zapping que fazia agora mesmo, apanhei a seguinte frase extraordinária, dita por um concorrente adulto num concurso em que, aparentemente, estes se batem com crianças (??!!) em perguntas e respostas:
"Já pensei tanto que já me baralhei a mim próprio".
Ganhou a criança, claro. E a gargalhada que deu, ainda sem filtros nem cerimónias, foi completamente merecida.

Putin e as bicicletas


O estranho aparato de segurança que acompanha Putin, visto - com graça - pela Falabarata:

PUT IN
Dos vários meios destacados para a segurança de Putin na sua visita a Lisboa, constam, de entre veículos, centenas de agentes e etc, 159 solípedes, 10 binómios e duas bicicletas.
Assim de binómios importantes só conhecia o binómio de Newton.
Quanto a ***pedes, constavam do meu vocabulário os quadrúpedes e os bípedes, mas confesso que solípedes nunca me tinham passado pelos olhos e ouvidos, que me lembre.
Aprendemos sempre imenso quando nos cruzamos com o léxico próprio de determinados grupos profissionais, embora, neste caso em particular, me mantenha na santa ignorância quanto aos binómios. Serão pares de solípedes, correspondendo portanto a 4 solas e respectivos pés?
De qualquer forma, o que mais me espantou nesta notícia foi a presença das duas bicicletas, curiosamente correspondendo exactamente ao número de helicópteros, também 2. Talvez trabalhem em grupo. O helicóptero vai lá em cima, vê qualquer actividade suspeita e contacta rapidamente com a bicicleta que lhe foi atribuída a qual, por sua vez, se deslocará na bisga para o local em apreço.
Mesmo com 1300 agentes, 99 viaturas, 83 motociclos, mais os binómios e os solípedes, parece-me que a segurança de Putin não ficaria completa nem seria eficaz sem as duas biclas.

Beleza masculina


A propósito das belezas masculinas que têm invadido este e outros blogs, aqui ficam alguns conselhos úteis para os que consideram ter menos atributos. Como vêm, toga e unhas limpas, nariz sem pelos e um cheirinho simpático, e as hipóteses são as mesmas para todos. Mas muita atenção à ferrugem nas fivelas!
"Mas não tenhas gosto em frisar com ferro o teu cabelo, nem rapes, com a aspereza da pedra pomes, as pernas; deixa que façam isso aqueles por quem a mãe Cibeleia é celebrada ao som de cantos ululantes.

Uma beleza desarranjada é o que fica bem aos homens.

A filha de Minos, Teseu a levou, sem ter a cabeça enfeitada com qualquer gancho; Hipólito, Fedra perdeu-se de amores por ele, e ele não era lá muito elegante; paixão de uma deusa foi Adónis, afeiçoado aos bosques.

É a limpeza que deve dar prazer, revele o corpo a pele tisnada no Campo de Marte; esteja a toga apresentável e sem nódoas; não deve usar-se calçado ressequido e não haja ferrugem nas fivelas, nem ande o pé a nadar, desengonçado, em pele largueirona, nem dê mau aspecto a cabelos enrijecidos um corte mal feito; sejam cabelo e barba aparados por mão firme; as unhas não devem dar nas vistas de compridas e devem estar limpas, e no nariz não deve haver qualquer pelo; não saia mau hálito de uma boca malcheirosa, nem atinja o nariz dos outros o fedor do macho e do pai do rebanho.

Quanto ao resto, deixa-o por conta das mulheres dadas ao prazer ou de qualquer homem que tenha o vício de possuir outro homem."
Ovídio, in A arte de amar

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Sempre Amado


A Jorge Amado

Na biblioteca do meu pai
em lugar de destaque, bem à mão
estão os mágicos livros
(num eterno entra e sai)
de um Jorge sempre Amado, sempre lido
em cada geração
e estranhamente nunca proibido,
nem nos tempos da grande agitação
de quatro menininhas a crescer...
(e como então gostávamos de os ler!)

Com um mar,
com um mundo de permeio
entre a pacata vila à beira Tejo
e esse imenso Brasil agreste e doce
viveu connosco sempre Jorge Amado
comeu, dormiu connosco, passeou-se
por mesas de madeira e azulejo
e camas vestidas de bordados
como se um de nós fosse...
Fez-nos chorar e rir, em devaneio
sonhar, pisar areias sem idade
sentir os cheiros da sua cidade
embriagar de cores, de sensações
entre coronéis e "negas" dos sertões
e navegar a bordo de paixões
sem sombra de pecado.
Por tudo isto, querido e velho amigo
é com toda a ternura que te digo:
Em nome de nós todos, obrigado!

Chinoguês


Isto é um restaurante chinês. Fica no Estoril. Mais um, entre tantos que há por todo o lado, mas com uma particularidade: uma faixa de publicidade, escrita numa língua estranha (chinoguês, suponho) que ocupa toda a fachada da casa, "convidando" os clientes a entrar, com uma frase que os donos acharam apelativa:
NÃO SE FAÇA EM SI COM FOME.
Pergunto-me se terão ido ao Google fazer a tradução automática chinês-português.
Nota: Dão-se alvíssaras a quem souber o que isto quer dizer.

Alain Delon

Pronto, aqui está. O prometido é devido. A primeira, com a pala no olho, é no Gattopardo, um filme eterno. Não cheguei aos dias de hoje porque achei um bocadinho deprimente...



Descubra as diferenças III


Em Espanha (Barcelona), um troglodita racista dá um pontapé na cara de uma miúda indefesa, no metropolitano, é acusado e será certamente preso, e as imagens dão a volta ao mundo, provocando a indignação geral.
Em Portugal, um troglodita machista dá um pontapé na cara de uma miúda indefesa, num programa de televisão, vira herói, casa com outra miúda que assistiu à cena e é amiga da agredida, é entrevistado por todas as revistas do país e contratado para programas de televisão futuros, e as imagens dão a volta ao país, provocando o gáudio geral.

Nota 1: Quem ainda se lembra do inefável Marco do Big Brother?

Nota 2: Post emendado, depois de um reparo atento. Obrigada, Sofia.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Uma stôra especial


Ao fim de três dias de uma gripe que me deixou completamente afónica, e sem conseguir melhorar nada, rendi-me: trouxe o trabalho mais importante que tinha em mãos e fiquei em casa, "no choco". E, já que o fiz, reclamei tudo aquilo a que se tem direito nestas situações: torradas e chá com mel, um colar de algodão embebido em álcool para manter a garganta quente, xarope de cenoura (tudo isto são mezinhas da minha mãe, que por acaso até era médica...) e, last but not the least, a deprimente visão dos famigerados programas de televisão para donas de casa e reformados. Aguentei, afundada numa apatia de febre e ben-u-rons, quase duas horas de indescritíveis conversas e cantorias várias. Mas, quando já estava quase a cortar os pulsos, uma professora de português do ciclo preparatório salvou-me a vida. E o dia.
Tive a sorte e o privilégio de ter tido excelentes professores no ciclo (na altura chamava-se liceu). Vêm-me logo à memória alguns nomes, assim que penso nisso: Mariana Ginestal Machado, José Pita Soares, Manuela Geada, Luís Mourão, e tantos outros de quem retive melhor a figura do que o nome. Um desses casos foi, exactamente, uma fantástica professora de português, magra e esquálida, que de imediato foi baptizada de "Maria Ninguém" por associação com a personagem do Frei Luís de Sousa, que fazia parte do programa. Não me lembro do seu nome verdadeiro por essa razão, mas nunca mais esquecerei as suas aulas, transformadas em palcos empolgantes que ela improvisava, apaixonadamente, sempre que os textos se prestavam à representação. A essa professora devo, em grande parte, o meu gosto pelo teatro e pelos livros.
A professora que ouvi hoje na televisão - a propósito das conclusões sobre a implementação do Plano Nacional de Leitura - lembrou-me muito essa "Maria Ninguém", mas tem ainda muito mais valor, porque manifesta a mesma paixão por uma profissão que exerce em circunstâncias incomparavelmente mais adversas. Foi comovente o seu testemunho, a entrega total, o entusiasmo inquebrantável perante todas as dificuldades que encontra diariamente. E são muitas. Todos sabemos as dramáticas condições em que os professores ensinam hoje em dia, logísticas e psicológicas. É quase um milagre que consigam manter a sanidade mental, quanto mais o prazer de ensinar. Este caso - o de alguém que ensina a "língua mater dolorosa" há mais de 30 anos, e com a mesma paixão, é especialmente raro. De tal maneira ela foi eloquente que recebeu como prémio, de surpresa, o telefonema de um antigo aluno (hoje psicólogo), também ele comovido e declarando-se agradecido para sempre à sua antiga professora.
Mas talvez o que mais me impressionou nesta entrevista tenha sido o total desassombro desta mulher: ainda no activo, deu a cara e chamou "os bois pelos nomes", pondo o dedo numa eterna ferida, ao acusar de mediocridade e saloice os autores de programas pedagógicos completamente desadequados, que levam os alunos a afastar-se do prazer da leitura e os impedem de apreciar devidamente, mais tarde, as obras que são obrigados a estudar quando ainda não têm maturidade nem capacidade para entendê-las. Corajosamente, citou Pessoa ao classificar de "baba pedagógica" a infantilidade de alguns conteúdos, outro erro de que sofrem os programas. E acabou com uma frase com a qual concordo em absoluto: não há "disciplinas papões", o gosto ou o desinteresse dos alunos pelas matérias dependem sobretudo da forma como o professor as transmite, e da sua afectividade por essas matérias. Grande stôra!

Grande Hermínia


Também Hermínia Silva faria hoje 100 anos, se fosse viva. Dizer que Hermínia era única é cair num lugar comum. Mas a verdade é que nunca ninguém tentou imitá-la, ou sequer aproximar-se do seu estilo.
Tinha uma capacidade inultrapassável de improviso. Os seus grandes êxitos “Marinheiro”, “Reza-te a sina”, “Rosa enjeitada”, “Fado das iscas” e “Tendinha”, eram cantados sempre de maneira diferente.
Mas Hermínia Silva não foi só uma fadista ímpar: também fez teatro e cinema, onde contracenou com grandes nomes da sua época. Ficou célebre a sua frase "Anda, Pacheco!"

90 anos de cor



Mestre Júlio Resende faz hoje 90 anos. A comemorar a data, uma exposição antológica da sua obra, na cidade onde nasceu e aprendeu primeiro o seu métier: o Porto. No antigo edifício da Alfândega do Porto, um bonito espaço recuperado e muito bem aproveitado hoje em dia, 200 obras representativas da arte do pintor poderão ser visitadas e apreciadas por todos.
Nota: Aqui, um dos painéis de azulejos da estação de Metropolitano do Jardim Zoológico e um pastel de Júlio Resende.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Demasiado fácil


O site do cancro da mama está com problemas pois não têm o nº de acessos e cliques necessários para alcançar a quota que lhes permite oferecer 1 mamografia gratuita diariamente a mulheres desprivilegiadas. Demora menos de um segundo para ir ao site e clicar na tecla cor de rosa que diz: "Free Fund Mammograms".É só lá ir e espalhar a notícia. Demasiado fácil.
Nota: Copiado do Daniel Oliveira, no Arrastão.

Bicicletas V

Volto à minha colecção de bicicletas, ultimamente muito abandonada.

E esta é mesmo especial: uma bicicleta para ciclistas desavindos!

Mas ainda assim sintónicos, porque "eppur si muove".

Nota: Obrigada, JG. Tens sempre os melhores tesouros.

domingo, 21 de outubro de 2007

O mundo do Chocolate


Ontem fui ao jantar de encerramento do ciclo O Chocolate em Cascais. Um jantar de gala organizado pelo Cacau Clube de Portugal, no Hotel Fortaleza do Guincho.
Estava tudo requintadíssimo, irrepreensível: todos os pratos tinham que ter alguma coisa de chocolate na sua confecção, desafio que foi lançado aos mais conceituados chefs da nossa praça. Grandes marcas de chocolate estavam representadas e co-patrocinaram o evento, juntamente com famosos produtores de vinho do Douro, do Alentejo e do Porto.
Garanto que a lista de pratos que se segue, aparentemente estranha, era deliciosa e nada enjoativa. Aqui fica a ementa (é um bocadinho sádico, eu sei), para vos fazer crescer água na boca:
Entrada
Lagosta escalfada, tártaro de frutas
em geleia fina de chocolate Concepcion,
cremoso de lagosta e vinagrete de crustáceos
e chocolate "Grand Cru"
1º Prato
Robalo assado com espargos verdes e chalotas,
molho iodado emulsionado com chocolate Venezuela

2º Prato
Lombo de porco assado rosado, fofo de chocolate Abinao,
tajine de legumes com amêndoas e tâmaras
Sobremesa
Mousse de chocolate Lindt em coque Ovalys,
geleia de ginja da Serra da Estrela e sorvete de vinho do Porto
No fim, vários mimos de chocolate foram oferecidos aos convidados, em embalagens lindas. Adivinham o que foi o meu pequeno almoço de hoje?

Caramels, bonbons et chocolats

A propósito de chocolates, vejam esta pérola que eu encontrei. Quem se lembra disto?

sábado, 20 de outubro de 2007

Men die first because they want to


E para que não me acusem de ser inflexível neste tema eterno e sempre quente "homens versus mulheres", aqui deixo um texto com graça - e com graça se dizem algumas verdades, há que admiti-lo - que me foi enviado por um amigo, suponho que como provocação, devida à onda feminista dos meus últimos posts. Mantive o inglês porque achei que se perderia muita da sua fina ironia na tradução. Os ingleses são exímios nessa arte.
Como vês, Manel, aqui está ele. Pronunciem-se. Palpitem. E viva o contraditório!


If you put a woman on a pedestal and try to protect her from the rat-race… you’re a male chauvinist.
If you stay home and do the housework… you’re a pansy.
If you work too hard… there’s never any time for her.
If you don’t work enough… you’re a good-for-nothing scum bag.
If she has a boring, repetitive job with low pay… this is exploitation.
If you have a boring, repetitive job with low pay… you should get off your lazy arse and find something better.
If you get a promotion ahead of her… that’s favouritism.
If she gets a job ahead of you… it’s equal opportunity.
If you mention how nice she looks… it’s sexual harassment.
If you keep quiet… it’s male indifference.
If you cry… you’re a wimp.
If you don’t… you’re an insensitive bastard.
If you make a decision without consulting her… you’re a chauvinist pig.
If she makes a decision without consulting you… she’s a liberated woman.
If you ask her to do something she doesn’t enjoy… that’s domination.
If she asks you… it’s a favour.
If you appreciate the female form and frilly underwear… you’re a pervert.
If you don’t… you’re gay.
If you like a woman to shave her legs and stay in shape… you’re sexist.
If you try to keep yourself in shape… you’re vain.
If you don’t… you’re a slob.
If you buy her flowers… you’re after something.
If you don’t… you’re not thoughtful.
If you’re proud of your achievements… you’re full of yourself.
If you aren’t… you’re not ambitious.
If she has a headache… she’s tiered.
If you have a headache… you don’t love her anymore.
If you want it too often… you’re oversexed.
If you don’t… there must be someone else.

Men die first because they want to.

Juntei uma musiquinha adequada a esta declaração de guerra masculina: Le Ballet (Celine Dion). Dancemos, pois.


Pedras Muitas

.

PEDRAS MUITAS

Na pedra mais branca
recosto a cabeça.
Que ninguém me impeça
de ver nela as penas
de mil almofadas.
Marítimas penas
de gaivotas mansas,
rasando enseadas
numa lenta dança.
Que hoje me adormeça
esta luz quebrada,
esta eterna esperança.
Maresias plenas
só o sonho alcança.

Na pedra mais pura
que o vento esculpiu,
encontro o enlace,
revelo o segredo
descoberto a medo
com dedos de frio:
inscrevo-lhe um nome,
como se o calasse.
Se o tempo parasse
agora, o navio
que na noite escura
contigo partiu,
talvez me levasse,
talvez naufragasse
na pedra mais dura
que jamais se viu.

Nas pedras que vejo
descanso o olhar.
Pedras muitas, tantas,
tão silenciosas
e tão preciosas
que só um desejo
as sabe contar.

Só sei que nada sei

Jean Gabin - Je sais.

Uma canção eterna. E sábia.





sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Nada na manga, tudo na cave


Autoridades apreendem 2 milhões de dólares na casa de David Copperfield. Agentes do FBI apreenderam quase 2 milhões de dólares em dinheiro vivo num depósito em Los Angeles, pertencentes ao ilusionista David Copperfield. As autoridades já iniciaram as devidas investigações.
Na rusga, os agentes confiscaram ainda o disco rígido de um computador e um chip de memória de camaras digitais. «Fomos informados de que há uma investigação em curso, estamos em contacto com os investigadores e respeitamos o sigilo», afirmou à Reuters o advogado de Copperfield.
Copperfield, 51 anos, cujo nome real é David Kotkin, é famoso por truques como fazer desaparecer a Estátua da Liberdade e atravessar a Grande Muralha da China.
Fonte: SOL/Reuters
É sempre bom saber uns truques.

Riscos na coronha


Do terrível naufrágio de um paquete de luxo, salvam-se apenas uma passageira VIP - Claudia Shiffer (por exemplo, mas aqui cada um pode pôr o nome que mais lhe agradar) e um português, membro da tripulação. Conseguem nadar até uma minúscula ilha deserta e levar com eles alguns objectos, com que ele faz uma tenda rudimentar. A princípio o relacionamento entre eles é praticamente nulo e mudo, ela mantendo a pose de estrela e ele a deferência a que estaria obrigado em circunstâncias normais: pesca e cozinha para ela, dorme à porta da tenda para guardá-la durante a noite, acende fogo para ela se aquecer, enfim, cumpre as tarefas básicas, mantendo as distâncias. Mas, com o tempo, a necessidade e a falta de alternativas, a relação começa a estreitar-se e acaba num previsível e tórrido romance entre os dois. Passam a partilhar a tenda e a dividir as tarefas e o idílio dura uns tempos, na maior felicidade. Até que ele começa a entristecer, sem razão aparente. Anda cabisbaixo, embora esteja grato aos caprichos do destino por lhe terem posto no caminho aquela mulher de sonho. Ela, preocupada, pergunta-lhe o que pode fazer para animá-lo:

- Falta-te alguma coisa? Não te faço feliz?

- Claro que sim, meu amor. Não posso ser mais feliz! Mas é que... - e cala-se.

- Diz, diz! Faço tudo o que quiseres para te ver feliz...

- Não sei se me vais levar a mal...

- Claro que não, querido. Diz lá.

Depois de grandes hesitações, ela lá consegue convencê-lo a dizer o que quer. E ele pede-lhe então, ainda a medo:

- Importas-te de vestir a minha roupa, pintar um bigode e pôr um chapéu, como se fosses um homem?

- ???

- Não me faças perguntas. Entras na tenda assim e não dizes nada. Fazes isso por mim?

Estranhando, mas disposta a satisfazer o que pensa ser uma fantasia dele, talvez por causa da rotina sufocante daquela ilha, ela acede. E, mal entra na tenda vestida de homem, ele abre um sorriso radioso como há muito tempo não lhe via:

- Manel !!!!!

- ???

- É pá, sabes quem é que eu ando a comer agora, sabes??? A Claudia Shiffer!!!!!

Notas à margem: Esta velha história, que tem graça, retrata bem os homens numa das suas piores facetas. Ou talvez só (para não cair em generalizações injustas) aquele tipo de homens para quem as conquistas - ou qualquer coisa que interpretem como tal - não valem nada sem o conhecimento dos outros. São os que fazem os chamados "riscos na coronha", uma exibição de plumagens só admissível na adolescência e que para nós, mulheres, demonstra invariavelmente um comportamento infantil. Para não dizer pior, porque essa imaturidade gritante é de uma deselegância a toda a prova. Fica-lhes muito mal. Além disso, quantas vezes o segredo de uma história a dois não é o seu maior atractivo? E quantas vezes a atracção não se desfaz com esse exibicionismo escusado, porque nunca tinha passado disso mesmo: uma atracção, ou o picante que tem sempre um segredo?...

Vitórias e derrotas

Tropecei hoje, por acaso, neste pequeno poema de Daniel Jonas:

PECADO CAPITAL
A Vitória de Samotrácia
é mais ou menos a minha história
sentimental: tinham todas um corpo
e asas até
mas pouca cabeça.

Daniel Jonas


Já fui muitas vezes acusada de ser feminista (como se fosse uma ofensa...) e assumo o título - embora sem fundamentalismos, a que sou completamente avessa - por achar que as mulheres ainda têm muito que lutar pelos seus direitos em quase todo o mundo. Digo "sem fundamentalismos" com a plena consciência de que gozo do privilégio de não ter que expôr-me ao ridículo de queimar soutiens para ser ouvida, mas SÓ porque outras mulheres já o fizeram, um dia, por mim.
Direitos que nos parecem hoje absolutamente básicos foram conquistados, a duras penas, por mulheres corajosas que aguentaram firmemente a chacota dos homens que provocavam e o desprezo de outras mulheres que as desclassificavam ferozmente, no fundo tão aterrorizadas quanto eles com a mudança que se avizinhava. E de que também beneficiaram, afinal.
Enfim: tudo isto é sabido, estudado e reconhecido.
Vem a propósito o poema de Daniel Jonas - aliás delicioso, na graça e no ritmo - mas em que poderíamos facilmente descobrir resíduos de um atavismo ancestral, não fora o poeta referir-se apenas às mulheres que lhe couberam na vida, à sua história.
Sendo assim, só posso dizer-lhe: teve azar, meu caro Daniel Jonas. Lamento que não se tenha cruzado com uma das muitas mulheres de qualidade que conheço. Algumas delas, por sinal, tiveram azar também: os homens que lhes sairam na rifa eram pouco alados e... até tinham cabeça, mas no sítio errado.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Convite

O meu amigo Nuno Siqueira é um apaixonado e conhecedor profundo do Fado. Acaba de gravar um CD, que só pode ser muito bom. Aqui fica o convite para o lançamento desse trabalho, para todos os que quiserem ir ouvi-lo. O que posso dizer a quem gosta de Fado e estiver hesitante, é que não se vai arrepender.




NUNO DE SIQUEIRA

tem o prazer de convidar para o lançamento do seu CD

O Fado e a Vida

que se realizará no próximo dia 24 de Outubro, pelas
18,30 horas, no Restaurante Solar dos Bicos - Rua dos
Bacalhoeiros, nº. 8-B, em Lisboa.

Contra a pobreza




(Clique nas imagens para aumentá-las e ler as legendas)

Também por cá temos pobreza, e muita. Assustadoramente crescente, e não ao contrário. Ver aqui, nesta notícia.

Hillaryante

As permanentes e sonoras gargalhadas de Hillary Clinton, às vezes um tanto despropositadas, levam os americanos a pensar se ela quererá (re)conquistar a Casa Branca rindo dos eleitores.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Saltimbancando


Quase toda a minha vida cabe em 60 litros de mochila e meia dúzia de gigabytes de disco rígido. O resto são pessoas, locais e livros, mas esses não os posso carregar comigo.
Esta declaração poética faz parte de um belo texto de Jorge Rosmaninho, no seu Africanidades. Um homem em constantes andanças por África. Saltimbancando, como ele diz.
Boa viagem, Jorge, e que a mudança seja abençoada pelos deuses da sorte.

Sócrates e a vidente


A vidente concentra-se, fecha os olhos e diz:
- Vejo o senhor a passar numa avenida, num carro aberto, e uma multidão acenando. Sócrates sorri e pergunta:
- Essa multidão está feliz?
- Sim, muito feliz.
- E eles vão a correr atrás do carro?
- Sim, muita gente à volta do carro. Os polícias estão com dificuldades em abrir caminho.
- Levam bandeiras?
- Sim, bandeiras de Portugal e faixas com palavras de esperança e de um futuro melhor.
- Eles gritam, cantam?
- Gritam, sim, frases de esperança: "Agora sim!!! Agora vai melhorar!!!"
- E eu, e eu? Qual é a minha reacção?
- Não dá para ver.
- E por que não?
- Porque o caixão está lacrado.



terça-feira, 16 de outubro de 2007

Amor e cozinha


O filme No Reservations é uma "aguinha com açucar", perfeito exemplar do género a que as comédias românticas americanas já nos habituaram. Todos os clichés caros aos americanos estão lá: a criança órfã que dá lições aos adultos, o casal aparentemente inconciliável que se apaixona perdidamente, a crítica aos sofisticados hábitos dos "ricos" novaiorquinos e a elegia da felicidade simples da middle class, a indispensabilidade dos shrinks, a vitória da família nuclear. Tudo é muito previsível, a puxar à lágrima fácil (truque perverso a que cedemos sempre, aproveitando para chorar coisinhas nossas que estavam em atraso...) e com o happy end moralista da praxe.
Era de esperar mais uma xaropada. Mas, tendo por cenário uma cozinha de restaurante de luxo e por protagonistas dois grandes chefs, para mim já se salvaria a noite, mesmo que tudo o resto fosse uma lástima. E não é. Salva-se igualmente - para além de dois ou três truques culinários que aprende quem está atento e se interessa pelo tema* - a banda sonora, que é óptima. Apoiada em clássicos (também eles previsíveis, mas que não deixam por isso de ser bons) e introduzindo alguns nomes menos conhecidos do grande público. Como este, que escolhi para mostrar aqui - o italianíssimo Paolo Conte - numa canção fantástica e divertida, chamada Vieni via con me (It's wonderful). Ora ouçam:

Nota: Dedico esta música a um casalinho apaixonado que conheço, que, como eu, também gosta muito de cozinhar. Não preciso de dizer nomes, eles sabem.

* Há um erro crasso na tradução portuguesa: quail é codorniz e não perdiz, como se lê nas legendas durante todo o filme.

Sem comentários

O que mais me chamou a atenção nesta notícia do DN foi a extraordinária legenda da fotografia:

"Cavaco, Felipe, Letizia e Maria em Beja e Alqueva".
A economia de palavras tem limites.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Computer Help

)(Clique na imagem para aumentar)

Encontrado aqui.

domingo, 14 de outubro de 2007

Paulo Autran

Só hoje soube da morte de Paulo Autran (07.09.1922 - 12.10.2007). O desaparecimento de um grande actor deixa sempre o mundo mais pequeno. Aqui, como diseur de excelência, que era também.



Poema de Carlos Drummond de Andrade, recitado por Paulo Autran na rádio Band News FM, no dia 29/11/2006 (encontrado no Sem-se-Ver).

PAZ à sua alma


Ou melhor, à do espírito que presidia, até há uns anos, à atribuição do Nobel da Paz.
Porque esse morreu, certamente.
E o seu herdeiro não me convence.

Futebol poético


Hoje o meu dia amanheceu com poesia. Futebolística.
O comentador desportivo da televisão debitava estas pérolas de sensibilidade poética, verdadeiras trouvailles dignas de um clássico: "Mas a bola negou-lhe o intento, e preferiu o ferro", ou " Na segunda parte, o dois a zero ainda pairava no ar", ou ainda "Surgiu da bruma do meio-campo, imparável".
Estas foram só algumas, as que consegui fixar. Escrevo-as aqui para memória futura, ou para fazer um brilharete com elas quando quiser escrever um poema. Qual Rimbaud, qual quê!...

sábado, 13 de outubro de 2007

Parabéns, dos sinceros


Faz hoje 66 anos. Chama-se Paul Simon e não precisa de apresentações.
Tem-nos dado, ao longo de quase toda a sua vida, muitos e inestimáveis presentes: as suas composições, transformadas em maravilhosas canções interpretadas a solo ou em dueto com Art Garfunkle, de quem foi inseparável durante uma boa parte da carreira.
Aqui fica uma das minhas preferidas - Bridge over troubled water - que fala de amigos, e de como eles são fundamentais na nossa vida. Sobretudo quando os tempos são de águas turbulentas. Ofereço-a aos meus, amigos e abrigos preciosos. Com um muito obrigada por fazerem da minha vida uma travessia tão mais fácil e empolgante. Tal como a música, aliás.

Nota: E um obrigada especial a um desses amigos, o CM, pelo lembrete desta data.

Descubra as diferenças II


Doris Lessing, a octogenária que acabou de ser agraciada com o Nobel da Literatura, foi apanhada de surpresa por jornalistas ao sair do supermercado, no bairro londrino onde vive. De sacos na mão, afogueada e com o carrapito meio desmanchado, disse a um deles, divertida: "Eu achei estranho, realmente, tantos repórteres por aqui... mas, como neste bairro se filmam muitas novelas (soap operas), pensei que estavam cá por causa disso. O que não me passou pela cabeça é que era por mim!"
Comoveu-me a total ausência de vaidade, a bonomia, a sábia relativização das coisas deste mundo. E lembrei-me, inevitavelmente, de outro laureado a quem os louros subiram, literalmente, à cabeça. Adivinhem quem.

A velha


Encontrei esta delícia de texto num dos meus blogs favoritos, um daqueles por onde passo sempre nas minhas deambulações pelo éter: A Curva da Estrada, da Leonor/Papalagui.
Um texto fantástico, no mais puro estilo Almodôvar. Ou talvez, melhor ainda, Ettore Scola, no meu também eterno favorito Brutti, Sporchi e Cattivi.
Não deixem de ler.

Menos pão, mais circo


Os parabéns vêm, normalmente, acompanhados de um presente. É da praxe. E o nosso irrepreensível primeiro-ministro segue-a à regra, pelos vistos.
Depois do "parabéns a vocês", em que ficámos todos muito felizes por ter contribuido com a nossa miséria para fazer descer uns milésimos na percentegem do défice, aí vem, como se esperava, o presente: a subida dos produtos alimentares de primeira necessidade, a partir de agora e até Janeiro de 2008. Só o pão, vai subir 30%!!
Venha de lá mais circo, senhor primeiro ministro, que bem vamos precisar dele para esquecer a dieta forçada...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Parabéns???


Sócrates está a gozar-nos, descaradamente. Tira-nos o pão e dá-nos mais circo, em contrapartida. Sempre mais circo, que o povo gosta mesmo é de palhaços. Mas os palhaços somos nós, afinal.
E por fim, não contente com o espectáculo, ainda nos dá os parabéns. Por nos deixarmos amestrar tão facilmente? Por conseguirmos viver no arame? Ou num trapézio sem rede? Ou, talvez, na jaula dos leões? Parabéns porquê, afinal de contas??
Vinde, formosas damas e distintos cavalheiros. É entrar, é entrar, nesta tenda dos milagres! Por causa da contenção de despesas, o espectáculo é à luz das velas. Até a luz ao fundo do túnel foi apagada. Mas assim até é mais romântico...

Egos


Em tempos, temi os egos desmedidos.
Mais tarde, desprezei-os militantemente.
Hoje, lamento-os.
Talvez um dia consiga chegar a ignorá-los.

Salma, a suprema ironia

Salma, a "Barbie muçulmana" feita a pensar nas meninas islamitas da Indonésia, é já um enorme sucesso. Das adaptações implementadas fazem parte a cabeça coberta por um lenço e "roupas largas e decentes". Porque o hábito faz mesmo o monge, por lá. E uma coisa é conquistar o mercado, outra é provocar os consumidores. Não se brinca em serviço. Vejam o video, vale a pena.