Em época de efemérides, o Torquato da Luz lembrou-me, com este belo poema, uma questão que também me inquieta e sobre a qual já falei aqui: as novas "obras de Santa Ingrácia" do Terreiro do Paço, que nos levaram da vista o saudoso Cais das Colunas:
Sobre ser belo, tinha
uma aparência de eternidade
que lhe advinha,
não da idade,
mas da quase-irrealidade
com que marcava a linha
de rosto da cidade. Hoje é apenas um monturo,
um lugar triste e abandonado,
ao qual roubaram o passado
e recusam o futuro. E é de temer que o novelo
do tempo que tenho pela frente
não seja suficiente
para voltar a vê-lo. Como lembrou, e muito oportunamente, um comentador do Ofício Diário , quem disse que a poesia não pode ser útil?
(Fotografia de Annie Assouline)
2 comments:
Tem toda a razão, o cais perdido e armazenado tem toda a minha saudade.
Esperemos que armazenado, T., e não perdido ou a servir de portão na quinta de alguém...
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