No Peloponeso, uma mulher e os seus quatro filhos foram encontrados, abraçados e carbonizados, dentro do carro em que tentavam fugir do incêndio que consumia a aldeia em que viviam.
Cruel ironia: ao contrário do resto da população daquela aldeia, se tivessem ficado em casa ter-se-iam salvo, já que a sua casa foi a única que as chamas pouparam.
É difícil não pormos tudo em causa quando ouvimos notícias como esta. Muito difícil. Um Deus infinitamente clemente que ama os seus filhos e só lhes quer bem, como aquele em que me ensinaram a crer, permite que uma mãe tenha a consciência de que matou os filhos por ter feito uma opção lógica, que se destinava a salvá-los? E permite que quatro crianças morram assim, gratuitamente, de uma forma inimaginável? Porquê?? Para quê??
Todas as mortes violentas são de lamentar - e ainda mais as de inocentes - e estas não foram as únicas vítimas dos fogos que estão a destruir a Grécia. Nem sequer foram as únicas crianças a morrer neles. Mas há sempre um quadro que se torna mais insuportável, uma imagem que nos toca particularmente e nos faz desabar. E este episódio, relatado ontem em todos os jornais televisivos, foi a gota de água que fez transbordar a minha taça de tolerância ao horror.
Apetece-me gritar Augusto Gil: "Mas as crianças, Senhor? Porque lhes dás tanta dor? Porque padecem assim?"
Nota: O meu post de hoje era para ser sobre os transgénicos e a entrevista de Mário Crespo ao activista Gualter Baptista. Mas, perante isto, tudo o resto me pareceu de uma futilidade idiota.
2 comments:
Deus não cumpre bem o seu ofício. Há muito que aprendi isso.
Bjj
Nem nós o nosso, infelizmente.
Tudo aquilo são fogos postos...
Bjs
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