sexta-feira, 10 de agosto de 2007

A arte da fuga


De tanto ouvir Bach, acabou por especializar-se na arte da fuga.


6 comments:

Anónimo disse...

Sensacional, este "curtas"! A beleza da peça, certamente. Mas a agilidade felina de quem o concebeu e deu à luz deixou-me encantado. Deixar-me-ia sempre, acredito. Mesmo que fosse uma loira...
E é, para mim, um bom pretexto de tornar o passado presente, uma forma de não voltar atrás, sem mais.
De muito escutar Bach e trautear os seus magníficos corais, e tanto ouvir e cantar as composições de Paul Simon, anos a fio que duram até hoje, hoje mesmo, foi-me evidente, desde 1973 - data em que foi editado o álbum "There Goes Rhymin' Simon", o seu segundo, a solo, com a belíssima faixa "American Tune" - que o tema era, no mínimo, muito próximo de alguns corais das Paixões.
Além do gosto e do conhecimento que a experiência traz, o meu "ouvido" - não "absoluto", embora - detectou facilmente a semelhança.
Nunca lhe chamei plágio, porém. Um músico e compositor da dimensão de Simon não precisa de plagiar. Sempre estive convencido que não o fez, nunca o faria, com esta ou qualquer outra composição, embora a identificação da fonte talvez devesse ter sido mais clara.
E acho que tinha razão. Cito: "(...) The political pessimism of American Tune had been hinted at in a couplet that Paul contributed to a Mass composed by Leonard Bernstein in 1971 (...). The melody, except for the bridge, was not Paul's. It was an old Lutheran hymn, also borrowed by Bach for St. Matthews Passion (...)".
Ele não merece a acusação ou o desgosto de quem o aprecia, Ana. Especialmente agora, em final de carreira.
Uma coincidência, não mais. Apesar de tudo feliz. Entre dois músicos geniais, que o tempo reencontrou. Deixo para os especialistas em direito de autor outro tipo de conversa.
A música, afinal, também sempre fez e faz parte da minha vida. A Arte da Fuga é apenas mais um episódio.

PS: Num dos comentários ao "Ouvido absoluto", o Mário Cordeiro, arrastado pelo proverbial entusiasmo que o caracteriza em defesa da sua dama, chamou plágio ao hino nacional alemão. Não tem razão. A melodia do hino alemão foi composta por Haydn, no final do séc. XVIII, e corresponde ao segundo andamento de um famoso quarteto de cordas. Foi adoptada como hino nacional (Das Lied der Deutschen), dizem alguns, no início do século XX. Assumidamente. E não é caso único. Nada tem que ver com plágio, para o efeito que nos ocupa.

ana v. disse...

Touchée, Cage.
Fizeste bem os trabalhos de casa e eu acato a lição humildemente. Além disso, quase conseguiste baralhar-me outra vez. Foi por pouco. Mas eu disse "quase"...
Devolveste-me o respeito que eu tinha perdido pelo Paul Simon e fico feliz por isso, embora eu nunca tenha deixado de amá-lo.
E obrigada pela "agilidade felina", um elogio que fica bem a loiras e a morenas. No meu caso, talvez uma onça. Ou uma pantera negra, como a do teu Benfica.

ana

ana v. disse...

PS: Quanto a plágios e roubos, no melhor pano cai a nódoa. O próprio Picasso disse uma vez numa entrevista (e concordarás comigo que também não precisava de copiar ninguém): "Good artists borrow. Great artists steal".

Anónimo disse...

É inevitável que trechos de música, letras ou arte acabem por ser parecidos ou "ir beber" a outros lados. Se se diz que um artista deve conhecer outros, amá-los e vivê-los, é natural que algumas frases (melódicas ou não) saiam espontaneamente como se fossem de nossa autoria. O nosso cérebro funciona assim, e não é por acso que as pessoas que vivem juntas, por exemplo, adquirem um mimetismo muito especial em atitude, trejeitos e expressões (e até facial!).
Quanto a plágio, não creio que fosse essa a minha intenção relativamente ao hino alemão, mas se foi, disse burrada e burrada inapropriada, porque obviamente, como o Cage diz, não é um plágio, é uma adaptação.

AA disse...

:)

ana v. disse...

A propósito de plágios, não é? Pois é, meus amigos, aqui está o genuíno "Arte da Fuga"! The one and only, para que conste.
Seja muito bem vindo a esta tertúlia de carolas, AA :)