Post de DJ no Bar Velho, que aqui transcrevo por me parecer fundamental divulgar estes atentados à nossa privacidade, cometidos por quem devia defendê-la mais do que ninguém - os bancos. Os call-center são soluções baratas, eu sei, que poupam nos funcionários contratados, eu sei, mas é absolutamente inadmissível este diálogo numa instituição que se preze.
«Conversas reais
- Gostaria de activar o Tele MB para a TMN, sff.
- Estou a falar com o Sr. X?
- Sim.
- Está a falar com Y. Como está?
- Bem obrigado. Como está?
- Bem obrigado. Quer activar o Tele MB, certo?
- Certo.
- Qual é a rede a que quer associar o serviço?
- TMN.
- Qual é o número em causa?
- 96 xxx xx xx.
- Quais são os quatro dígitos do seu telecódigo?
- Desculpe?
- Qual é o seu telecódigo?
- Mas porque quer saber isso?
- Tem que mos dizer para poder activar o serviço.
- Desculpe, mas quer saber o meu código? Acha mesmo que alguém no seu perfeito juízo vai dar um código que permite realizar operações bancárias, a uma pessoa que não se conhece de lado nenhum?
- O senhor não me conhece, mas pode confiar em mim.
- Eu? Desculpe lá, nós estudámos juntos, vamos para os copos, ou algo parecido? Eu nem sei se você é loira, se é morena, quanto mais se é de confiança.
- Mas o senhor não tem confiança no Millennium?
- Se quer que lhe responda com sinceridade, não.
- Então porque tem cá o dinheiro?
- Dá jeito para receber transferências, dado muita gente e muitas instituições terem conta no Millennium.
- Mas não confia no banco?
- Não.
- Mas em mim pode confiar. Você pode não me conhecer, mas sou de confiança.
- A senhora não vê televisão? Toda a gente aconselha a não dar os códigos a desconhecidos. E mesmo que ninguém dissesse isso, alguém com o mínimo de juízo e bom senso saberia que não se deve dar os códigos a desconhecidos. Por acaso quer que lhe diga os meus códigos dos meus cartões e os códigos de acesso a esta linha?
- Não! Não! Isso é muito diferente!
- Então posso ou não posso confiar em si?
- Pode confiar em mim. Sou funcionária do banco, sou de confiança.
- Minha senhora, em 385 chamadas que já fiz para esta linha, 380 acabaram com uma reclamação minha. Acha que posso confiar em si?
- Em mim pode, não posso responder pelos outros. - Espero que já tenha entendido que não lhe vou dar o meu telecódigo.
- Não compreendo porque não confia em mim...
- Quero falar com o supervisor, sff.
- Mas porquê? Está a duvidar de mim? - Minha senhora, não tenho que duvidar ou deixar de duvidar de si. Não dou um algarismo que seja a pessoas que não conheço de lado nenhum. - Por favor, peço-lhe que não me ofenda. Pode confiar em mim e no banco.
- Passe-me ao supervisor, sff.
Chamada passada ao supervisor. A mesma ladainha. Chamada desligada por falta de paciência e de confiança no Millennium e nas suas pessoas, com a especialidade de, na chamada com o supervisor, este ter dito que nos conhecíamos porque tinha resolvido um problema meu há quatro meses atrás e que eu tinha motivos para confiar.»
6 comments:
Incrível! Pensei que era só aqui no Brasil que as pessoas achavam perfeitamente normal dar a pessoas que não conhecem o código dos cartões, pessoas essas que os roubam indecentemente!
(desculpa, pus o mesmo comentário duas vezes)
é, estamos a andar para trás a toda a velocidade...
Ana,
Incrível! Trabalho em banco e nunca soube de operação que exigisse ao cliente fornecer códigos de acesso. Absurdo!
Beijo
É inexplicável, de facto. Parece um texto cómico, mas não é.
ana
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