Chega de política.
O assunto é desinteressante, embora haja quem consiga transformá-lo quase em música.
Mas não eu.
Para afugentar a nossa triste realidade, deixo-vos mais um poema.
Desta vez, ainda fresquinho: acabado de sair no novíssimo livro Ante-sala, de uma grande poeta brasileira, uma amiga que muito prezo e admiro: Astrid Cabral, aqui muito bem acompanhada por mais um dos meus pintores favoritos: René Magritte.
CONHECER-SE
A gente se despe
em frente a espelhos
e ousa enfrentar-se. Porém, não há mesmo como ver-se, blindada a alma
e as costas inalcançáveis.
Somos opacos.
Translúcidos, apenas a radiografias.
Contudo, resta a ânsia
de bem nítido nos vermos,
na dimensão do real. Mas, por mais que nos olhemos,
o eclipse é sempre total.
Astrid Cabral, in Ante-sala
Nota: Finalmente descobri como revelar as fontes das imagens publicadas neste blog. E pronto: o seu a seu dono.
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