quinta-feira, 10 de abril de 2008

Observatório IX




Futurologia



Não deixa de ter a sua graça a insatisfação tornada pública do antigo-novo barão do PSD, Ângelo Correia. Que se apressou a vir, depois, dizer que não era com o PSD em particular, mas sim com o actual estado de discussão política no País, PSD incluído, a razão para a sua desilusão neste regresso inesperado (?) à política activa.

Ora, para mim, quis dizer exactamente a mesma coisa, estando, portanto, desiludido (que surpresa?) com o caminho que o seu partido e a actual liderança vão dubiamente trilhando, num dueto de personagens de caricatura que já devia ter aprendido a não se pôr na ribalta, pois é duvidoso que reúna a confiança necessária para constituir a alternativa credível que muitos desejam, malgrès tout.

E fico a pensar nas razões insondáveis que terão conduzido este esquecido a pôr-se novamente em bicos de pés, imaginando que só poderá estar também desiludido consigo próprio, uma vez que também faz parte activa do não diálogo político actual.

Neste ambiente circense, é de não esquecer também a posição agora assumida pelo artista maior da Madeira, ao afirmar que, da próxima, é que não se vai recandidatar mesmo, deixando-nos na dúvida legítima se vai engrossar os dependentes da caixa nacional de pensões, reformando-se, ou se estará a pensar em voos mais continentais, fazendo contas de cabeça a evoluções quase inexoráveis na São Caetano.

O que seria! Alberto João Jardim candidato a Presidente do PSD e, inerentemente, a Primeiro-Ministro... E que cenário, se ganhasse as próximas legislativas!

Estou a vê-lo. Na sua relação com o Sr.Silva, como educadamente apelidou o PR durante a campanha presidencial, com os media, zurzindo de alto a baixo todos os seus inimigos cubanos de estimação, com o pressuposto chefe da oposição, Sr. Pinto de Sousa, como gosta de chamar ao PM, ajustando as contas de que se sente credor.

E a postura de Estado, em que é exímio, e o palavrório, em que é exemplo...

O que seria! De nós, do País, desta evolução que teimosamente não conseguimos atingir, desta melhoria de nível geral que teima em se nos escapar a cada momento. Apesar de, ao que parece, ter feito um trabalho notável no desenvolvimento da Madeira (bem sabemos com que meios) até enaltecido pela concorrência, na voz de Jaime Gama e para grande sofrimento dos seus correligionários de partido.

Será que poria o País na rota do sucesso económico que todos desejamos? Será que erradicaria a exclusão social, como é apanágio de todas as promessas? Será que poria Portugal no mapa, transportando-o para lugares lisonjeiros nas estatísticas dos índices de crescimento, desenvolvimento, literacia, civismo?

Já não digo nada! Como no circo, (quase) todas as fantasias inimagináveis são possíveis. Vamos esperar para ver...
Pedro Silveira Botelho

7 comments:

Huckleberry Friend disse...

Caro Pedro, seria um cenário interessante... de que "cont'nénte" se queixaria Jardim sentado em São Bento? Como reagiria a prováveis queixas de colonialismo fascizante vindas de quem lhe sucedesse na Quinta Vigia? Seria Alberto-João-PM tão autonomista como Alberto-João-governante-regional? Um abraço!

Luísa A. disse...

Caro Pedro, penso que o que falta à nossa política não é debate e programa, como diz Ângelo Correia, mas carisma. Seria tão importante que aparecesse alguém capaz de nos arrebatar um bocadinho que fosse!

vieira calado disse...

A primeira coisa que ele faria, era subsidiar os clubs de Lisboa...
e transferir verbas da Madeira para o Continente!...

PSB disse...

Luísa
Tem razão. O défice maior é, de facto, o de alguém com carisma. Mas despido de demagogias, populismos, idealismos sectários e hipocrisias. Não é tarefa fácil.
Como noutros tempos e com as devidas distâncias, estamos novamente à espera de um Messias... que tarda em chegar.

ana v. disse...

Por outro lado, essa expectativa de um Messias que há-de vir salvar-nos é perigosa e deixa de braços cruzados um povo que já tem tendência para o imobilismo e a demissão de responsabilidades, o que é mau. Mas concordo que é lamentável o panorama que temos tido ultimamente, como oposição a um governo totalitário e policial.

Anónimo disse...

O Jardim no governo? Só nos faltava essa!

Anónimo disse...

O Vieira Calado é que disse tudo. O homem não sabe fazer brilharetes sem dinheiro, e esse tinha que vir de algum lado!