Ela esperava-o por detrás da janela, espreitando, de vez em quando, através da cortina translúcida que coava a luz da tarde. Ela esperava-o por detrás do pc, espreitando, de vez em quando, a caixa de entrada do outlook no écran luminoso.
Nada. Ele tardava.
Não ouvira ainda o som dos passos no caminho de saibro, a fricção das botas produzindo um estranho ruído de cascavel. Não ouvira ainda o som do notificador de mensagens, um silvo agudo que lembrava o de uma cascavel.
Nada ainda. Ele tardava.
Olhou o relógio de parede, ao canto da sala. Pegou no livro aberto e leu mais um capítulo, para entreter a espera. Olhou o relógio digital, no canto inferior do plasma. Escreveu mais um post, para entreter a espera.
Era tarde. Ele já não viria.
Fechou todas as janelas e por fim a porta da rua, e foi deitar-se. Deixou-lhe um bilhete na porta, para o caso de ele ainda chegar nessa noite. Fechou todas as janelas no desktop e por fim clicou no exit, e foi deitar-se. Enviou-lhe um email, para o caso de ele ainda abrir o pc nessa noite.
Falamos depois. Vemo-nos amanhã? Amo-te. Beijos. Call u asap. Say when. Luv u. Kss.
(Imagem - A. Modigliani)
7 comments:
Eloquente, vizinha. Gostei muito.
Ainda bem, vizinho.
:)
Quando se ama... fica sempre uma janela aberta num cantinho do coração.
JP
É verdade, Pedro. O coração tem muitas janelas, mas é preciso que não se fechem (ou que não façam logout...)
:)
Excelente!! adorei!
É ao me mesmo tempo eterno e moderno... gostei!
beijinhos
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