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Acabei agora mesmo de chegar do Algarve, depois de dois dias no paraíso: um sol magnífico de despedida de Verão, uma casa de sonho, amigos maravilhosos e,
last but not least, a inauguração de uma exposição de aguarelas de uma originalidade espantosa, num espaço superior que também é obrigatório conhecer - a Galeria São
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Lourenço. É um programa que recomendo a todos, uma visita a esta exposição da pintora
Teresa Calem, artista de alto nível (e também uma anfitriã incomparável).
São caras (muitas delas de grandes dimensões), que nos olham directamente nos olhos, inquiridoras e inquietantes, numa espécie de despedida muda. O tema desta exposição é a figura da mitologia grega
Daphne* - embora, a mim, estas figuras frágeis e
etéreas sugiram muito mais o imaginário e o universo da mitologia celta - e a sua transformação de ser humano em árvore, no momento exacto em que tem consciência dessa metamorfose. É como um desfile de seres, ao mesmo tempo comuns e míticos, que nos anunciam um tempo futuro: um mundo povoado por uma humanidade muito mais perfeita e em comunhão com a natureza, como o foi já, nos primórdios. É uma despedida, mas também a promessa de uma nova era.
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A pureza luminosa, a perfeição das formas e a excelência da técnica de Teresa Calem valem bem, garanto-vos, uma viagem ao Algarve. Estas aguarelas vão ficar expostas até ao final de Novembro, e o único risco de decepção é o de chegar lá e já estarem todas vendidas (grande parte delas foi vendida no dia da inauguração).
Por tanta beleza e tanto carinho num só fim de semana, obrigada, Teresa!
*Nota - Na mitologia grega, Daphne (do grego Δάφνη, que significa "loureiro") era uma ninfa, filha do rei Peneu. Apolo foi induzido a apaixonar-se por ela, por uma flecha de Eros. Mas este acertou em Daphne com uma flecha de chumbo, o que fez a ninfa rejeitar o amor de Apolo, que começou a persegui-la. Cansada de fugir, pediu ao pai que a livrasse daquela difícil situação. Ele, então, transformou-a em loureiro. Apolo, inconsolável, disse: "Se não podes ser a minha mulher, serás a minha árvore sagrada". A partir de então, o deus passou a trazer sempre consigo um ramo de louros.
7 comments:
Nos idos anos oitenta essa galeria era um oásis por terras algarvias. É sempre uma delicia saber que o bom gosto e a iniciativa privada nunca deixaram São Lourenço.
Continua, igual ou melhor, Luis.
Não conhecia a galeria nem a artista e fiquei com vontade de conhecer ambas :)... se bem que estou um bocadinho longe, mas nunca se sabe. Obrigada pela revelação Ana e gostava mesmo de ver mais trabalhos dela. Fiquei encantada com a amostra e com o tema. Boa semana!
Já cá estão, AQ. Os desejos dos meus leitores são ordens! :)
E se puder vai lá, é uma exposição deslumbrante (além da própria galeria, que é linda).
Um beijo e boa semana também.
Fantástica pincelada. Adoro aguarelas, mas conheço poucos aguarelistas bons, além do óbvio Ossião, que idolatro. Que tal uma aulazinha de aguarela comtemporânea para a irmã desterrada?
Que lindos! Obrigada :)
olha! e eu aqui tão perto e não fazia ideia dessa exposiçao!
gratissima pela informação.
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