¿Malas madres?
Cuando a Doris Lessing le dieron el Nobel de Literatura hace unas semanas, leí en más de un sitio que recogía su biografía, que cuando eran joven había abandonado a sus hijos para marcharse a vivir a Londres."Había abandonado a sus hijos". Pensé: ¡Qué fea y qué peyorativa frase! Parece puesta adrede para que de antemano la idea que nos hagamos de ella es que por eso no es una buena mujer. Y seguí: ¡qué puñetas de abandono! No los abandonó, los dejó con su padre, que también los podía cuidar igual que ella. Pero en aquellos años que lo hiciera una madre era un escándalo. Y eran muy pocas, como he leído recientemente en otra publicación, las que anteponían su propia felicidad a la maternidad y cargaban de por vida con el calificativo de malas madres. Y en su interior con el remordimiento de no haber atendido a los hijos. En aquellos tiempos y en estos, aunque hoy hay más mujeres que dejan todo - marido e hijos - para irse con un nuevo amor. Pero siguen enfrentándose a la crítica de la sociedad. Se considera normal y no se condena a las madres que no viven con sus hijos por motivos profesionales, pero como la causa sea sentimental, otro hombre, se han caído con todo el equipo. Nunca he pensado que el ser mala madre esté en eso. Creo que se puede ser buena madre en la distancia. (Um post, desabrido e feminista, de Chapi Escarlata, una "periodista cuarentañera, para nada amargada", como ela própria se intitula.) Desta vez roubei ao JG um assunto sério, para variar. Costumo trazer do seu ZOO posts de excelente e requintado humor, de uma originalidade que me impressiona sempre (nem imagino onde o JG vai buscar tantas e tão boas graças), mas este óptimo blog também aborda - e com o mesmo rigoroso critério de escolha - assuntos que não são para rir, nem sequer para sorrir. Este é um deles, e por isso o trouxe para aqui. Era de prever que um tema destes levantasse grande polémica. Claro: uma mãe que "abandona" os filhos por um amor, ou por uma profissão, não merece viver... a periodista cuarentañera abriu uma caixa de Pandora e o linchamento começou de imediato. É sempre tão fácil condenar! Para começar, tenho que dizer que também não acredito que se possa ser uma boa mãe à distância. Acho isso uma utopia. Pelo menos, uma mãe tão boa como se estivesse presente. Mas as mães não são perfeitas, não podem nem têm que sê-lo sempre. São seres humanos, sujeitos a uma pressão brutal de todos os lados - da famíla, dos filhos, da sociedade, e até de si próprias - como muito poucos homens alguma vez experimentarão. É-lhes exigida a perfeição, nada menos. Vivem no arame mas não podem cair nunca, porque uma plateia implacável (curiosamente, composta menos de homens do que de outras mulheres) espera apenas esse momento para vaiá-las e apontar-lhes o dedo da condenação. Acontece que é, muitas vezes, esse grau desmesurado de exigência que as "empurra" para um fuga qualquer, por não conseguirem corresponder-lhe (quem consegue, sendo SÓ humano?) ou por se sentirem encurraladas na escolha que fizeram: a escolha natural, a que delas se esperava, mas feita muito antes de saberem o que ela iria significar de exclusividade. Porque a maternidade é uma escolha irreversível. Ou nem sequer é uma escolha, em muitíssimos casos.
Cuando a Doris Lessing le dieron el Nobel de Literatura hace unas semanas, leí en más de un sitio que recogía su biografía, que cuando eran joven había abandonado a sus hijos para marcharse a vivir a Londres."Había abandonado a sus hijos". Pensé: ¡Qué fea y qué peyorativa frase! Parece puesta adrede para que de antemano la idea que nos hagamos de ella es que por eso no es una buena mujer. Y seguí: ¡qué puñetas de abandono! No los abandonó, los dejó con su padre, que también los podía cuidar igual que ella. Pero en aquellos años que lo hiciera una madre era un escándalo. Y eran muy pocas, como he leído recientemente en otra publicación, las que anteponían su propia felicidad a la maternidad y cargaban de por vida con el calificativo de malas madres. Y en su interior con el remordimiento de no haber atendido a los hijos. En aquellos tiempos y en estos, aunque hoy hay más mujeres que dejan todo - marido e hijos - para irse con un nuevo amor. Pero siguen enfrentándose a la crítica de la sociedad. Se considera normal y no se condena a las madres que no viven con sus hijos por motivos profesionales, pero como la causa sea sentimental, otro hombre, se han caído con todo el equipo. Nunca he pensado que el ser mala madre esté en eso. Creo que se puede ser buena madre en la distancia. (Um post, desabrido e feminista, de Chapi Escarlata, una "periodista cuarentañera, para nada amargada", como ela própria se intitula.) Desta vez roubei ao JG um assunto sério, para variar. Costumo trazer do seu ZOO posts de excelente e requintado humor, de uma originalidade que me impressiona sempre (nem imagino onde o JG vai buscar tantas e tão boas graças), mas este óptimo blog também aborda - e com o mesmo rigoroso critério de escolha - assuntos que não são para rir, nem sequer para sorrir. Este é um deles, e por isso o trouxe para aqui. Era de prever que um tema destes levantasse grande polémica. Claro: uma mãe que "abandona" os filhos por um amor, ou por uma profissão, não merece viver... a periodista cuarentañera abriu uma caixa de Pandora e o linchamento começou de imediato. É sempre tão fácil condenar! Para começar, tenho que dizer que também não acredito que se possa ser uma boa mãe à distância. Acho isso uma utopia. Pelo menos, uma mãe tão boa como se estivesse presente. Mas as mães não são perfeitas, não podem nem têm que sê-lo sempre. São seres humanos, sujeitos a uma pressão brutal de todos os lados - da famíla, dos filhos, da sociedade, e até de si próprias - como muito poucos homens alguma vez experimentarão. É-lhes exigida a perfeição, nada menos. Vivem no arame mas não podem cair nunca, porque uma plateia implacável (curiosamente, composta menos de homens do que de outras mulheres) espera apenas esse momento para vaiá-las e apontar-lhes o dedo da condenação. Acontece que é, muitas vezes, esse grau desmesurado de exigência que as "empurra" para um fuga qualquer, por não conseguirem corresponder-lhe (quem consegue, sendo SÓ humano?) ou por se sentirem encurraladas na escolha que fizeram: a escolha natural, a que delas se esperava, mas feita muito antes de saberem o que ela iria significar de exclusividade. Porque a maternidade é uma escolha irreversível. Ou nem sequer é uma escolha, em muitíssimos casos.
Nem todas as situações são iguais, como é evidente. Há de tudo. E também há (não o ignoro) mães que são, realmente, de um egoísmo irresponsável. Mas o que quero aqui salientar é que nem todas as que se afastam dos filhos o são. E outra coisa: também há mães cuja irrepreensível presença é muito prejudicial aos filhos. E há as que lhes cobram, a vida inteira, a opção que as fez desistir de uma outra vida qualquer, com que sonharam um dia. E há as que os asfixiam e não os deixam voar. E há as que... Há de tudo, repito. Não estou a cerrar fileiras com as feministas, e confesso que não me interessa muito se alguém classificará assim os meus argumentos. Acho, só, que temos que ver as coisas de todos os ângulos e não cair na tentação do mais fácil, que é crucificar quem falha. Ou quem parece ter falhado, aos olhos da maioria.
1 comments:
Feminista? nem um pouco.
porque será que defender a mesma capacidade das mães e dos pais poderá ser feminismo?
felizmente, que já há tantos pais que se batem de igual para igual, com a justiça, pela mesma capacidade e por uma mesma igualdade na partilha dos filhos, em casos de divórcio.
Ficam menos bem com os pais do que com as mães? E quem é que pode afirmar isso?
Ficam menos bem com a separação dos pais; mas ficam, também, menos bem com os pais juntos e a darem-se mal.
Complexidades
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