quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Maus exemplos


Toco neste assunto pela primeira vez, e só para comentar um facto que me intriga e perturba. Se o Vaticano retirou do seu site oficial toda e qualquer referência ao caso Maddie McCann, depois de ter aderido sem reservas à campanha dos pais até agora, isso só pode querer dizer uma de duas coisas:
- Ou tem informações secretas e privilegiadas (que ninguém mais conhece) sobre o desenvolvimento e possível desfecho deste caso, e a atitude é de antecipada defesa de futuros ataques mediáticos inevitáveis (feio, feio).
- Ou, simplesmente, já julgou e condenou os pais de Maddie pelas últimas pistas descobertas, antecipando-se à justiça e negando-lhes o direito à presunção de inocência até prova em contrário (ainda mais feio).
Qualquer das hipóteses lhe fica muito mal. A primeira revela inconfessáveis promiscuidades com os poderes encobertos, desprezando em absoluto as instituições democráticas. A segunda denuncia uma falta de humanidade gritante, uma fuga do barco antes mesmo que a borrasca se declare. E ambas, sem outra interpretação possível, nos mostram uma Mãe que abandona os seus filhos em apuros, sem amor nem caridade, pensando só em si própria.
"Que atire a primeira pedra quem nunca pecou". Não foi esta a mensagem de Cristo? Não deveria ser esta a posição do Vaticano? É da Igreja Católica que se trata, nada menos. Entristece-me o mau exemplo.

12 comments:

Anónimo disse...

CASO ESTRANHO ESTE DA MADDIE McCANN...

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Ana, as duas hipóteses que aqui propões parecem-me correctas.
Poria uma terceira, talvez menos impactante, menos mediática do que aquelas que aqui propões, mas talvez também possível.
Tendo o Vaticano (e não foi o único) aderido cedo à causa McCann, no quente da sua inicial fase mediática de busca de suporte por parte da família McCann para um caso que para mim, sempre foi (e continua a ser) estranho, e porque aderiu cedo expos-se o Vaticano a ser eventualmente confrontado com mudanças que o fizessem ter que mudar de rumo.
Foi o que aconteceu.
Não creio tanto que haja ou acesso a informação priviligiada sobre o caso ou que simplesmente já o tenha julgado e condenado.
Porque houve um volte face, um outro enfoque, quem se cometeu cedo é obrigado agora a rever o apoio dado a algo que 'parecia ser', e que agora 'parece que já não é'.
Quanto a mim, do ponto de vista do Vaticano, foi um 'investimento' demasiadamente arriscado para ser tomado por uma instituição com o peso e responsabilidade que o Vaticano tem, posto que tais instituições não podem (ou pelo menos não devem) tomar decisões de que mais tarde poderão ter a vir de se arrepender.
E se bem que já tenha havido (e continuem a haver) outros e novos desenvolvimentos neste caso, para mim, ele continua a ser um CASO ESTRANHO ESTE DA MADDIE McCANN...

Anónimo disse...

Com o devido respeito, Ana, mas que "santa" ingenuidade.
Do Vaticano espravas outra coisa? Desde a Inquisição ao Banco Ambrosiano, do apoio a Saddam à negação do uso do preservativo em África... o caso Maddie é peanuts.
Além de se estar a tornar desconfortável, ainda iria levantar novamente a questão (já esquecida, e entre nós por exemplo nunca levantada) dos maus tratos e abusos a crianças por membros do Clero...
Para mim, a atitude do Vaticano é a mesma de sempre- nem realpolitik é... é "fartai vilanagem".
"Deixai vir a mim as criancinhas"... pois Maddie já levou um chuto, que é para aprender a não ser desconsiderada, eventualmente morta pelos seus e escondida. O esquecimento é a arma dos fortes contra os fracos. E o Vaticano só sabe lidar com o Poder, no seu sentido mais feio da condição humana.

Anónimo disse...

Pelos vistos publiquei o meu comentário ao mesmo tempo que o Manel.
Mas acrescentava ainda a questão Dalai Lama, para reforçar estas nojentas atitudes dos Estados e do Poder.
O único que recebeu oficialmente o Dalai Lama, há anos, foi o João Soares. E o Sampaio teve a lata de "ir visitar" o museu de arte antiga no mesmo dia em que o Dalai Lama estava lá. Lisboa é mesmo uma aldeia...
Quando a China manda, manda mesmo. Sai um chup-shoy para a mesa do canto e duas glavatinhas bem bonitinhas para o senhol do lado... mesmo que feitas com a exploração do trabalho infantil e dos direitos dos trabalhadores (que até pagam a bala com que o Governo lhes "censura" a vida)...
Depois vêm os Jogos Olímpicos para os media rejubilarem - melhor que terebentina, limpam todas as nódoas. COm o Vaticano foi igual.
Porque se tivesse algum tipo de remorso, explicavam publicamente a sua precipitação anterior.

Anónimo disse...

PS: Continuo a achar que o caso Maddie não é nada estranho, mas como são só conjecturas pessoais baseadas na informação dos media e na análise dos comportamentos humanos, por aqui fico...

Anónimo disse...

Oh Mário, calma rapaz !!!
Entras aqui ao pontapé a tudo a disparar em todos os sentidos, a quebrar a louça toda. Calma, pá !
Se bem que neste blog 'a porta tenha sido deixada aberta' não é razão para entrares a correr, em grande acelaração, em derrapagem ! (controlada?).
A dona desta casa é uma Senhora e... o Arre Burro era o outro, pá !
Vá lá, sai e entra outra vez, e se bem que a porta esteja aberta podes bater antes de entrar :) :)

ana v. disse...

Meus queridos, o meu texto tem muito mais de irónico do que de ingénuo. Gostava que fosse ao contrário, mas infelizmente já cá ando há uns aninhos...
A minha tese é que o Vaticano representa a Igreja Católica e tem a sua chancela para aderir ou não aderir a causas. Se se precipitou (e acredito que sim) não devia agora sair com o rabinho entra as pernas, quando a coisa muda de rumo. Podia - e devia!, só lhe ficaria bem - ter uma atitude mais próxima da mensagem de Cristo, que não tem nada a ver nem perde valor com as interpretações humanas que fazemos dela. E que nos diz, inequivocamente, que TODOS os homens são filhos de Deus. Incluindo os pecadores. SOBRETUDO os pecadores. Até os assassinos.
Mesmo que seja esse o caso - e ainda não sabemos se é ou não - lavar as mãos como Pilatos é a pior atitude e a mais cobarde que a Igraja pode tomar.
Por isso me entristece tanto.

ana v. disse...

Manel, esta casa é vossa e a porta está sempre aberta, como dizes. Aqui cada um é livre de dizer o que quer, a não ser que ofenda alguém ou seja mal educado. Nesse caso, quem lhe dará um pontapé sou eu. Não te preocupes com as teses inflamadas do Mário, até porque ele tem alguma razão. E eu gosto de gente que mostra estar viva!

Lord Broken Pottery disse...

Ana,
Também me interesso por esse caso, que repercute aqui no Brasil. Não sei bem o que pensar. Do Vaticano não esperava outra coisa. Tenho curiosidade com relação às provas e ao princípio básico dos crimes: a motivação. O que levaria os pais, em caso de serem culpados, a matar a menina? Embora para mim, por enquanto, até pelo jeito de ser e de pensar, eles sejam inocentes.
Grande beijo

ana v. disse...

Só posso dizer que, se se provar que aqueles pais são culpados, acho que perco de vez a fé na humanidade. Se assim for, a monstruosidade é grande de mais, sobretudo pela frieza, pela estratégia. Quero acreditar em outra explicação, qualquer outra.

Pedro F. Sanchez disse...

Ana

Concordo em absoluto contigo, ninguém deve julgar por antecipação, mesmo num caso tão mediático e supostamente arrepiante.

Morrem milhões, eu disse milhões, de crianças por dia e não vejo tanta preocupação quanto esta.

Quanto ao Vaticano, tenho pena, e concordando, em parte, com todas as vossas opiniões, que não tenham tido a coragem de defender este assunto até às últimas consequências, pois será assim o que se espera dos representantes de Deus na Terra.

bjs a todos, pp.

Pedro F. Sanchez disse...

Ana

Concordo em absoluto contigo, ninguém deve julgar por antecipação, mesmo num caso tão mediático e supostamente arrepiante.

Morrem milhões, eu disse milhões, de crianças por dia e não vejo tanta preocupação quanto esta.

Quanto ao Vaticano, tenho pena, e concordando, em parte, com todas as vossas opiniões, que não tenham tido a coragem de defender este assunto até às últimas consequências, pois será assim o que se espera dos representantes de Deus na Terra.

bjs a todos, pp.

Anónimo disse...

Manel
O que é que eu disse de errado para sugerires um pontapé no traseiro?
Há alguma coisa que eu tenbha escrito que desmintas?
Se sim, "ó pra cá...".
Como escrevi, do Vaticano não esperava outra coisa...