Ilha das Pombas
São livros.
Velhos tomos abandonados
São livros.
Velhos tomos abandonados
na estante do tempo,
guardando no silêncio das páginas
guardando no silêncio das páginas
mil histórias, mil mistérios
que a memória já esqueceu.
O pescador que não voltou
O pescador que não voltou
de um dia de má sorte,
bote e alma vazios, eterno espanto.
A noiva que em vão picou os dedos
naquele vestido branco
que era um sonho bordado,
e nos pontos cruzados se perdeu.
O poeta que ouviu um dia um não mais duro
e se lançou voando,
asas presas para sempre no azul sem fim.
O menino que falava com as gaivotas
e com elas se ria do futuro.
Os amantes que tanto prometeram
e tão pouco cumpriram, afinal.
Os amigos que fizeram um pacto de sangue,
um por todos, todos por um…
São livros.
Orgulhosos e belos,
encostados ao tempo,
amparando-se no tempo
e com ele resistindo, resistindo
bote e alma vazios, eterno espanto.
A noiva que em vão picou os dedos
naquele vestido branco
que era um sonho bordado,
e nos pontos cruzados se perdeu.
O poeta que ouviu um dia um não mais duro
e se lançou voando,
asas presas para sempre no azul sem fim.
O menino que falava com as gaivotas
e com elas se ria do futuro.
Os amantes que tanto prometeram
e tão pouco cumpriram, afinal.
Os amigos que fizeram um pacto de sangue,
um por todos, todos por um…
São livros.
Orgulhosos e belos,
encostados ao tempo,
amparando-se no tempo
e com ele resistindo, resistindo
ao sopro gélido das nortadas,
ao impiedoso abraço das ondas,
até que todos os mistérios se desvendem.
(Baleal, 9/9/2007)
Fotografia: Mário Cordeiro
6 comments:
Nice one Ana.
E que paz agora para a leitura. Em silêncio.
Obrigado por teres anulado os pop ups, que eram bem chatinhos...
Manuel Teixeira
Thanks, dear.
Tudo pela felicidade dos meus amigos! :)
(a honestidade às vezes é chata, tens razão...)
Beijinhos
Uma mulher afasta-se.
- Então, vais passear?
Ela demora. Os amigos atormentam-se.
Regressa.
- Fui procurar o cheiro dos livros no silêncio das pedras.
Entendemo-lo hoje, nestas palavras.
Falta dizer que a fotografia do Mário não é um sonho que tivémos esta noite.É o paraíso, ele próprio, a 100km de Lisboa.
abraços
Miguel Leal
Baleal sem dono e sem patrono
Baleal de todos e dos tolos
Baleal dos amigos e inimigos
Baleal das gaivotas sempre às voltas
Baleal das algas e das almas
Baleal da areia e da teia
Da teia dos amigos que ajudou a juntar
Quem disse que eu não tenho os melhores e mais talentosos amigos que alguém pode ter???
Roam-se, invejosos!
ana
PS: Faltas tu, Mário. Nada a dizer?
Miguel,
Não faças propaganda do Baleal, que já tem gente a mais. Olha que deixa de ser um paraíso num instante...
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