domingo, 8 de julho de 2007

Speaker's Corners




Com o aval da Secretária de Estado da Saúde, Carmen Pignatelli, podemos dizer mal do governo actual desde que seja nos locais apropriados: por exemplo, em nossa casa ou nas esquinas (!) e nos cafés.
Para ilustrar tão inteligente teoria, Carmen Pignatelli apresentou-se a si própria como exemplo: "Aqui não poderia dizer mal, mas em minha casa...", apressando-se a corrigir, logo que deu pela argolada: "Não é que eu queira dizer mal do governo, claro!". Mas o mal já estava feito, e a assistência rebentou em gargalhadas.
Temos, assim, mais uma adesão ao team de ministros kamikases, a juntar a Mário Lino e a Correia de Campos (perfila-se já um novo membro no grupo: o ministro da Agricultura, com a recente frase "Se não está contente, peça para sair da União Europeia" a um agricultor insatisfeito que o interpelou).
Mas enfim: ficamos a saber que, se dissermos mal do governo em locais previamente autorizados para tal, não teremos consequências de maior. O que é tranquilizador, depois dos casos infelizes que os media têm reportado, em que alguns incautos funcionários públicos perderam o emprego por não conhecerem a tempo esta simples regra, fazendo comentários jocosos sobre os seus superiores no local de trabalho.
Pegando na brilhante ideia da brilhante Carmen Pignatelli, proponho então uma solução há muito inventada pelos ingleses: a criação de Speaker's Corners por esse país fora, colocados em esquinas estratégicas. Não sai caro (basta uma simples caixa de fruta ou uma grade de cervejas viradas ao contrário, ou, nos locais mais sofisticados, talvez um escadote) e resolve o assunto a contento de todos. Assim, quem sentir uma vontade irreprimível de dizer mal dos governantes, só terá que correr à esquina mais próxima para aliviar a tensão. É fácil, é barato e não dá milhões de problemas.

3 comments:

Mad disse...

Lema da menina: bora ser hipócritas?

Sabias que o Constantino Sakellarides é pai da Olga, mulher do meu cunhado Pedro?

ana v. disse...

não fazia ideia, mas acho que tem tido um papel importante na racionalização desta loucura colectiva que impera por cá. Homem corajoso. Ele é grego? Pergunto por causa do nome. É que, se não é já, deve estar a ver-se grego por estes dias.

bjs
ana

Anónimo disse...

Olá, primas!
Isto está bonito, está! Com evnto que está, voto em continuar a dizer mal de quem quizermos mesmo em casa! Além disso tenho vertigens; não me apetecia nada estar em cima dum escadote! E subir para uma grade de cervejas também não. Ainda se fosse uma caixa de Moet Chandon... ou então a caixa de martini do outro (o tio Clooney)!
Bjs
Rosarinho