Autopsicopatia
O poeta é um psicopata.
Finge tão gelidamente
que chega a fingir que mata
a quem marca a ferro quente.
Quando escreve "o coração",
dando a impressão de figura,
literalmente alemão,
fala de carne e gordura.
Os que lêem o que escreve
só percebem o veneno
quando o corpo fica leve
e o cérebro, sereno.
Aí, então, já é tarde,
mais uma vítima cai
no poço em que a brasa arde
e a metáfora se esvai.
Fingindo-se fingidor,
o poeta então se esconde.
Sabe provocar a dor
e pôr a culpa no bonde.
O poeta é um psicopata.
Finge tão gelidamente
que chega a fingir que mata
a quem marca a ferro quente.
Quando escreve "o coração",
dando a impressão de figura,
literalmente alemão,
fala de carne e gordura.
Os que lêem o que escreve
só percebem o veneno
quando o corpo fica leve
e o cérebro, sereno.
Aí, então, já é tarde,
mais uma vítima cai
no poço em que a brasa arde
e a metáfora se esvai.
Fingindo-se fingidor,
o poeta então se esconde.
Sabe provocar a dor
e pôr a culpa no bonde.
Encontrado no Dito Assim, o blog de Jayme Serva.
Fernando Pessoa muito bem glosado por J. S. Acho até que o próprio Pessoa podia ter escrito isto, com este mesmíssimo sentido de humor.
3 comments:
Adorei a lembrança, o comentário e a visita! Beijo,
Também gostei, Jayme, e o Dito Assim já está nas minhas visitas ao domicílio. O seu poema tem graça e qualidade poética.
Volte Sempre
Ana
Não consta que Pessoa tenha deixado descendência, mas que ele podia da família, isso podia! Adorei.
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