Concordo consigo em teoria, Luís Carmelo (Blogues e Meteoros, 3 de Julho). Quantos mais os recém-chegados que vierem agitar as águas estagnadas do templo sagrado e todo-poderoso da intelectualidade portuguesa, mais se ganha em democracia e pluralismo. Os Olimpos intocáveis, que tendem a formar-se num país pequeno e pacóvio como o nosso, são perigosos e não o fazem evoluir. Até aqui, como já disse, de acordo.
Mas esta entrada em cena, inesperada e tempestuosa, do comendador Berardo (o título de comendador já tem qualquer coisa de despropositado) não augura nada de bom, de saudável ou de democrático. Não traz mudança, a não ser que seja a das moscas. A pedrada que esta estranha personagem veio lançar no nosso charco de zombies acordou-nos de repente, mas apenas para descobrirmos mais um candidato a dono do estaminé, sem qualquer promessa de consideração por nós ou pelos nossos interesses. Afrontou os figurões? Sim, claro, mas com a subtileza e a diplomacia de uma catterpiller, o que nos dá a exacta medida da sua arrogância ditatorial. Sem perder tempo, ajustou a mira e foi disparando a eito, atingindo os seus rivais onde as regras da mais básica educação não o permitem. E para quê? Com único intuito de arrasar tudo e voltar a fazer igual, mas à sua medida.
Temos assistido, não duvide, a uma ancestral demarcação de território, à demonstração de força pelo macho dominante. Note as rendições timoratas, os queixumes pífios dos vencidos e a bajulação dos sempre prontos a aplaudir os vencedores. É triste. E é triste porque me parece a última estocada numa fera ferida, já sem condições nem ânimo para se defender. Berardo nem sequer finge interessar-se, não aproveitou o tempo de aprendizagem do poder para polir-se um mínimo e assim não ser tão injurioso na transparência das sua intenções. Mostra o jogo, não por lealdade mas por simples desprezo por adversários e espectadores. Tudo o que quer é pôr-se em bicos de pés e dizer-nos que chegou, já viu e vai vencer. Sem contemplações. Por tudo isto, não é a saloice que não lhe perdoamos. Não é só a má dicção, são as coisas que diz e como as diz! A fatiota pós-moderna não disfarça a boçalidade, a linguagem desbragada e ofensiva é bem reveladora do perfil e a atitude em geral é simplesmente deplorável. Apresenta-se-nos com a aura de mecenas (ainda por cima, das artes) mas tudo nele nega a mais elementar sensibilidade. É por isso que, deitando mão do nosso último e sempiterno reduto de desforra, recorremos ao humor. O homem presta-se, convenhamos, e essa é a única vingança que nos resta. Já tínhamos, no nosso catálogo de cromos, os tubarões, os boys, as estrelas e as eminências pardas. Agora podemos acrescentar mais um: a eminência parva.
Mas esta entrada em cena, inesperada e tempestuosa, do comendador Berardo (o título de comendador já tem qualquer coisa de despropositado) não augura nada de bom, de saudável ou de democrático. Não traz mudança, a não ser que seja a das moscas. A pedrada que esta estranha personagem veio lançar no nosso charco de zombies acordou-nos de repente, mas apenas para descobrirmos mais um candidato a dono do estaminé, sem qualquer promessa de consideração por nós ou pelos nossos interesses. Afrontou os figurões? Sim, claro, mas com a subtileza e a diplomacia de uma catterpiller, o que nos dá a exacta medida da sua arrogância ditatorial. Sem perder tempo, ajustou a mira e foi disparando a eito, atingindo os seus rivais onde as regras da mais básica educação não o permitem. E para quê? Com único intuito de arrasar tudo e voltar a fazer igual, mas à sua medida.
Temos assistido, não duvide, a uma ancestral demarcação de território, à demonstração de força pelo macho dominante. Note as rendições timoratas, os queixumes pífios dos vencidos e a bajulação dos sempre prontos a aplaudir os vencedores. É triste. E é triste porque me parece a última estocada numa fera ferida, já sem condições nem ânimo para se defender. Berardo nem sequer finge interessar-se, não aproveitou o tempo de aprendizagem do poder para polir-se um mínimo e assim não ser tão injurioso na transparência das sua intenções. Mostra o jogo, não por lealdade mas por simples desprezo por adversários e espectadores. Tudo o que quer é pôr-se em bicos de pés e dizer-nos que chegou, já viu e vai vencer. Sem contemplações. Por tudo isto, não é a saloice que não lhe perdoamos. Não é só a má dicção, são as coisas que diz e como as diz! A fatiota pós-moderna não disfarça a boçalidade, a linguagem desbragada e ofensiva é bem reveladora do perfil e a atitude em geral é simplesmente deplorável. Apresenta-se-nos com a aura de mecenas (ainda por cima, das artes) mas tudo nele nega a mais elementar sensibilidade. É por isso que, deitando mão do nosso último e sempiterno reduto de desforra, recorremos ao humor. O homem presta-se, convenhamos, e essa é a única vingança que nos resta. Já tínhamos, no nosso catálogo de cromos, os tubarões, os boys, as estrelas e as eminências pardas. Agora podemos acrescentar mais um: a eminência parva.
10 comments:
Ana, venho só aqui referir que o Sr. Luís Carmelo foi meu professor de semiótica na Universidade Autónoma de Lisboa, já lá vai uma década...
Um abraço para ele e beijos para ti.
E já agora...
Qual será a opinião do Sr. Berardo quanto à camisolinha rosa do Benfica?
http://oeldorado.blogspot.com/
Ah!
E concordo com tudo o que escreveste sobre a "eminência parva".
Se o ridículo matasse, este cromo estava feito em cinza...
Beijos.
Grato pela visita.
Tudo de muito bom gosto por aqui.
Um abraço.
Mana, não conheço bem o problema, mas não suporto a prepotência do Besouro, Berardo, Bastardo, ou lá o que é. Apoiado (seja lá o que fôr!)
JP,
Engraçado, o mundo é pequeno. Quanto ao rosa do Benfica, não te preocupes. O comendador não tarda nada está a pô-los todos de t-shirt preta.
Chega-lhe também, no Eldorado!
James,
Wellcome, be my guest! Obrigada pelo elogio, que retribuo sem favor.
Mad,
Nem queiras conhecer! Ainda vocês se queixam dos coronéis daí...
Ah, adoro esses apoios cegos. Assim já sei com quem conto quando me apetecer matar alguém.
Bjs a todos
Não desenvolvi nenhuma análise judicativa que visasse o senhor Berardo, mas sim os vestígios do que, há uns anos, se designava por intelectualidade. O senhor Berardo é aqui apenas um leimotiv, não o objecto. Sobre isso teria dito outras coisas que, neste contexto, não cheguei sequer a referir. De qualquer maneira, muito obrigado pelo comentário!
Luís Carmelo.
Percebi, Luis, mas pareceu-me ler nas suas entreleinhas uma certa defesa do inefável comendador que abalroou este país sem pré-aviso. Fosse ele um bocadinho mais humilde e as suas vitórias talvez nos enchessem de orgulho. Ou, pelo menos, de simpatia. Assim, é impossível: é só mais um ditadorzinho a mostrar quem manda.
Ana
entrelinhas
Proponho um novo Manifesto Anti-Dantas, mas desta vez Anti-Berardo. Queres fazê-lo, prima ?
A que preço vendem os políticos o país, e ainda por cima a gente desta? Foleiro, mal educado, pretensamente "fashion"?!!!?, tremendamente prepotente, pindérico...
Não me consta que nos tenhamos vergado desta maneira a Gulbenkian, e só ganhámos com isso.
E com este pretenso intelectual que só tem é dinheiro,será que o país ganha alguma coisa ?
Irra!
Boa ideia, a do manifesto! Vamos todos presos, claro (a nova pide não perdoa) mas não importa, qualquer dia só cá estão fora os ministros e afins. Podemos até sugerir o forte de Peniche, agora que é Verão. Está tão desaproveitado...
bjs
ana
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