quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Um mundo de loucos

Interrompo a pausa que me impus porque não posso deixar passar dois assuntos maiores. Ou só um, no fundo:
1. Myanmar/Birmânia - Onde se prendem pessoas por se recusarem a matar outras pessoas, monges ou não. Ler mais aqui.
2. Pena de morte - Não quero deixar de juntar-me ao coro de indignação contra esta verdadeira aberração, viva e de boa saúde (ainda, no séc. 21!!!): há quem defenda o direito de se punir alguém com a morte. E impunemente, porque ao abrigo da lei. Há quem nem sequer equacione o facto de que essa decisão é irreversível, e que os homens não são infalíveis nos seus julgamentos. Ou seja, há quem se ache Deus. Um Deus malévolo, sobranceiro e vingativo, que se compraz com soluções de "olho por olho". Não, certamente, o Deus em que acredito.

Hoje é um dia tão bom como outro qualquer para se pensar no assunto. Portugal, um dos países que primeiro acabou com a pena de morte no mundo inteiro, pode e deve ter um papel nesta cruzada. Ler mais aqui.

4 comments:

Anónimo disse...

Ei, tantas entradas novas!
Apoiado nas duas causas: punir por não matar e punir alguém com a morte!
beijinhos

Anónimo disse...

Myanmar - Consola saber que há alguém que não se contenta em obedecer a ordens, mesmo sabendo que vai ser punido por tal. Cumprir ordens era a desculpa de muitos oficiais nazis.

Pena de morte - É a solução mais imbecil. Gritemos, enquanto a lei puder mandar matar gente.

Anónimo disse...

Pena de morte.

Só agora, infelizmente, aqui cheguei.

Os princípios, a história, a nossa tradição, os direitos humanos, o erro judiciário, e o mais, claro.

Mas confesso que, às vezes, vacilo. Como se houvesse mortes justas e injustas. E não penso em Deus, sequer. Não acredito no personagem e, com todo o respeito, acho que, às vezes, é bem mauzinho...

Tendo presente aqueles impulsos (nem sempre tão primários, quanto isso...) que nos invadem, quantas vezes, perante a violência, o desgosto, a revolta e a impotência, do género "fosse um filho meu, limpava-lhe o sarampo" ou "havia de ser comigo e eu te digo se o tipo ia para a cadeia", ou "ele não merece viver", ou mesmo "há alturas em que a pena de morte viria mesmo a calhar" - quem não o sentiu, ainda? - gostava de lhe perguntar, e aos restantes comentadores, qual a alternativa adequada, se fosse legisladora, para a pena de morte? Acha que o máximo penal de 25 anos que existe em Portugal "chega", em abstracto, para certo tipo de crimes? Acha, por exemplo, que a prisão perpétua devia existir na nossa lei?

ana v. disse...

Margarida,

Não sei responder à sua questão sobre a prisão perpétua. Concordo que o máximo penal em Portugal é um absurdo para alguns crimes, e que esse máximo/mínimo ainda é reduzido por variadíssimas razões, o que torna a punição de um crime grave num acto ridículo. Aí, dou-lhe inteira razão.
Mas há uma coisa sobre a qual tenho absoluta certeza (não são muitas, mas esta é uma delas): a pena de morte é inaceitável, para mim, em qualquer circunstância. Uma coisa é o impulso passional (sim, também eu mataria sem hesitar, provavelmente, se por exemplo estivesse em causa a vida dos meus) que tem atenuantes compreensíveis mas também as suas inevitáveis consequências; e outra, completamente diferente, é a legislação em abstracto, que não pode nem deve estar sujeita a emoções. É a frio que se fazem as leis, e qualquer outro cenário de decisão me parece muitíssimo preocupante.

Uma boa proposta de reflexão, sem dúvida. Obrigada.