O filme No Reservations é uma "aguinha com açucar", perfeito exemplar do género a que as comédias românticas americanas já nos habituaram. Todos os clichés caros aos americanos estão lá: a criança órfã que dá lições aos adultos, o casal aparentemente inconciliável que se apaixona perdidamente, a crítica aos sofisticados hábitos dos "ricos" novaiorquinos e a elegia da felicidade simples da middle class, a indispensabilidade dos shrinks, a vitória da família nuclear. Tudo é muito previsível, a puxar à lágrima fácil (truque perverso a que cedemos sempre, aproveitando para chorar coisinhas nossas que estavam em atraso...) e com o happy end moralista da praxe.
Era de esperar mais uma xaropada. Mas, tendo por cenário uma cozinha de restaurante de luxo e por protagonistas dois grandes chefs, para mim já se salvaria a noite, mesmo que tudo o resto fosse uma lástima. E não é. Salva-se igualmente - para além de dois ou três truques culinários que aprende quem está atento e se interessa pelo tema* - a banda sonora, que é óptima. Apoiada em clássicos (também eles previsíveis, mas que não deixam por isso de ser bons) e introduzindo alguns nomes menos conhecidos do grande público. Como este, que escolhi para mostrar aqui - o italianíssimo Paolo Conte - numa canção fantástica e divertida, chamada Vieni via con me (It's wonderful). Ora ouçam:
Era de esperar mais uma xaropada. Mas, tendo por cenário uma cozinha de restaurante de luxo e por protagonistas dois grandes chefs, para mim já se salvaria a noite, mesmo que tudo o resto fosse uma lástima. E não é. Salva-se igualmente - para além de dois ou três truques culinários que aprende quem está atento e se interessa pelo tema* - a banda sonora, que é óptima. Apoiada em clássicos (também eles previsíveis, mas que não deixam por isso de ser bons) e introduzindo alguns nomes menos conhecidos do grande público. Como este, que escolhi para mostrar aqui - o italianíssimo Paolo Conte - numa canção fantástica e divertida, chamada Vieni via con me (It's wonderful). Ora ouçam:
Nota: Dedico esta música a um casalinho apaixonado que conheço, que, como eu, também gosta muito de cozinhar. Não preciso de dizer nomes, eles sabem.
* Há um erro crasso na tradução portuguesa: quail é codorniz e não perdiz, como se lê nas legendas durante todo o filme.
6 comments:
Ana, continuas a fazer bem. Muito bem. Gosto do teu Blog.
Hoje, dois apontamentos:
Um, o 'Vieni via com me' e o Paolo Conte, que adoro e que já não ouvia há imenso tempo.
Outro, uma deliciosa expressãosinha tua no meio do texto desta entrada 'Amor e Cozinha', que considero uma verdadeira pérola cheiinha de sensibilidade e carga feminina ... "aproveitando para chorar coisinhas nossas que estavam em atraso...".
Brilhante, e para o meu sentir, coisa assim só poderia vir de uma mulher.
Até amanhã,
Manel
Obrigada, Manel. Gosto de homens que notam esses pormenores! Para isso também é preciso ter sensibilidade. E a música é deliciosa, não é?
Até amanhã.
bjs
Sou o lado feminino do casalinho apaixonado, talvez também o lado da lágrima fácil, que acaba por escorrergar do canto do olho... sou sempre assim! Até agora, me confesso emocionada com este presentinho, para mim, matinal!
O filme é uma delícia para quem anda nesses cozinhandos da vida, faz crescer água na boca e ter vontade de abrir um 'bistro'! Mas o melhor de tudo é seguir o exemplo e ir para casa cozinhar codornizes... Foi o que o casalinho fez!!!
Para mim a cozinha é palco de romance, dá para cozinhar uns amores, uns humores e muitos sorrisos!
Muitos beijinhos e obrigada
p.s. Vou guardar esta música para ouvir quando estiver a fazer as perdizes do nosso jantar!
Para que haja igualdade, fala agora o Marte do casal, embora Vénus já tenha dito quase tudo. Agradeço o presente, a música, a amizade. Se há quem diga que a poesia é para comer, também a comida serve para contar histórias, declamar poemas e tecer enredos. Ou vivê-los. A dois é lindo.
Lindo mesmo, sobretudo para quem tem imaginação. Que, aliás, é coisa que não vos falta!
beijinho
O Conte tem swing, é esplêndido.Bjs, vizinha.
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