Que novas surpresas nos reservará ainda este can-can tripeiro? O país está em pulgas para saber qual o próximo elemento desta Salgada Família a sair da gruta: O burro? A vaca? A própria manjedoura?
Primeiro foi a loira Carolina, a "Eu". Depois de um estrondoso abandono, seguido de um make-over apressado, passou de Ágata a Virna Lisi, e, de novo virgem, publicou confissões entre escaldantes e sopeirais, na primeira pessoa, virou do avesso o todo-poderoso ex-amante, desafiou os feudos e os tabus da futebolândia, armou um pé de vento no país inteiro e ressuscitou, até, processos judiciais moribundos. Todos tememos nesses dias pela vida dela, coitadinha. Tão corajosa, tão desamparada, tão ultrajada e tão sinceramente arrependida dos pecados idos, a menina.
Depois, tudo acalmou. A ebulição passou a fervura lenta, controlada, com os livros a venderem-se como pãezinhos quentes e uma novela em preparação, para memória futura e futuro pé-de-meia da loira e pura Carolina.
Mas afinal havia outra, como diria a Mónica Sintra. O país esfregou os olhos, incrédulo e baralhado com a versão morena da heroína tripeira. Entrou em cena Ana Maria, a "Outra", e não quis ser menos do que a mana gémea: desmentiu e denunciou a irmã famosa e egoísta que lhe abortou negócios promissores, embrulhou a editora Dom Quixote e o presidente do Benfica em tramóias escusas e patrocínios duvidosos, defendeu o todo-poderoso ex-amante da mana, falou de milhões e revelou ainda mais segredos escabrosos.
Complicou-se o enredo da novela, que já tinha guião avançado, e tudo voltou à estaca zero. Para muitos de nós, atentos mas confusos espectadores, a morena parecia mesmo um novo coelho (ou melhor, uma nova bunny) saído da cartola do todo-poderoso ex-amante da loira. Seria? Talvez, que o tripeiro não costuma dar-se por vencido com tanta facilidade, e muito menos por uma alternadeira que passou do cabaret ao convento enquanto o diabo esfrega um olho.
Mas o guião da novela ainda não era definitivo: Com uma invulgar aptidão para a ribalta, eis que a família lança mais um actor no palco - o progenitor das meninas. Contrito, confessa ao jornalista que está muito incomodado com tudo o que está a acontecer. É natural, pensamos todos, nenhum pai gosta de ver as filhas assim expostas ao ridículo e à devassa das suas vidas privadas, por muito pouco recomendáveis que elas sejam. Isto custa-me muito, diz Joaquim Salgado, o "Pai". Baixamos os olhos, numa envergonhada mea culpa pelo nosso pecaminoso voyeurismo. Mas, de repente, o homem esquece-se da pose ensaiada: com um sorriso sardónico que revela um íntimo prazer, põe-se a dizer mal da filha morena. Que já teve direito a internamento psiquiátrico, que enganou a irmã loira-coitadinha, que passou a referir-se, de repente, ao todo-poderoso ex-amante da irmã loira-coitadinha como "o sr. Jorge", quando lhe chamava sempre, até há bem pouco tempo, "o boi" ou "o velho", e que isso traz óbvia água no bico. Hein, não acha estranho?, e pisca o olho ao jornalista, num trejeito revelador. Logo a seguir confunde tudo, e acaba por desvendar o verdadeiro motivo de tanta aversão à filha morena, subitamente amiga do todo-poderoso ex-amante da loira-coitadinha: Se eu falasse... os primeiros 13 minutos daquele jogo Boavista-Porto, uma vergonha... eu é que não queria ser árbitro daquilo... sim, o Boavista é o meu clube... não puxe por mim, não posso dizer mais nada.
Acaba embargado pela comoção da injustiça contra o seu clube de futebol, já completamente esquecido das filhas. E nós todos, acabamos boquiabertos com tanta sensibilidade. Angustiados, perguntamo-nos: E agora, quem virá a seguir? Aguardam-se, pois, novos capítulos desta novela, cujo guião permanecerá em aberto enquanto houver membros da família que não tenham tido ainda os seus quinze minutos de glória.
3 comments:
E isto é o quê, a Bingança?
debe ser, pois. carago, estas manas são fogo!
Cá por mim, que não sou de intrigas, falta só o Bobi e o Tareco! Aposto que os dois, se falassem, além de dizerem coisas interessantes, diriam, sem sobra de dúvida coisas muito mais inteligentes.
P'lo amor da Santa! Que Salganhada!
(adorei o texto!)
Beijos
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