segunda-feira, 18 de junho de 2007

As gaffes de Bush


Ainda estou de boca aberta com aquela notícia sobre o presumível roubo do relógio do sr. Arbusto (não merece, sequer, ser árvore), durante o banho de multidão na sua visita à Albânia.
Todos os media a comentaram largamente por esse mundo fora, e o inestimável YouTube encheu-se de preciosos videos exemplificativos. Não vou ilustrar com nenhum deles este post. Já chega. Além disso, é-me indiferente que o relógio tenha sido roubado ou não.
Venho apenas lembrar um simples pormenor, porque muito me espanta que ninguém tenha reparado nele (pelo menos, que eu tenha tido conhecimento): A Casa Branca, onde vive o sr. Arbusto, no seu infatigável papel de tapa-buracos nas inúmeras tropelias do dito, apressou-se a dizer que o relógio afinal não tinha sido roubado, que o povo albanês podia manter intacta a sua imagem pública porque o presidente, cautelosamente (!!!!), tinha tirado ele próprio o valioso relógio do pulso e o tinha guardado no bolso, antes de mergulhar na multidão que o queria abraçar.
Magnânima colher de chá oferecida à Albânia? Não, não, muito pelo contrário.
Na infinita e proverbial arrogância do costume, a Casa Branca do sr. Arbusto não parece ter-se apercebido de que esta justificação era ainda muito mais ofensiva para o povo albanês do que a simples admissão da existência de um carteirista no meio de uma multidão (coisa absolutamente natural, em qualquer parte do mundo). A Casa Branca esqueceu-se, lá no pedestal do seu autismo, de que o sr. Arbusto estava, com esse gesto preventivo, a presumir que a Albânia era, toda ela, um país de ladrões!!!!!!
Como gaffe diplomática, não está mal. Mas também é verdade que ele já fez outras, bem piores...

Nota: Esta história lembrou-me um filme já antigo, uma óptima comédia de auto-crítica aos bastidores da política americana - Manobras na Casa Branca. A trama conta a criação, orquestrada pelos media, de uma guerra fictícia como manobra de diversão para encobrir um incidente pouco abonatório e muito inconveniente para o presidente eleito, em vésperas de novas eleições. O cenário escolhido para a guerra inventada é precisamente a Albânia, aquele insignificante país que talvez só agora os americanos (e não todos, certamente) tenham passado a saber apontar no mapa.
Razão tem Rita Lee: Tudo vira bosta (com Bush, acrescento eu)


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